quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Pregação -O Décimo Mandamento



Pregação – O Décimo mandamento
Texto Base: "Êxodo 20.17 - Não cobiçaras a casa do teu próximo. Não cobiçaras a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma que pertença ao teu próximo"
Deus não é apenas o criador de todas as coisas, ele também é governador de todas as coisas. Chamamos de providência o controle, direção e uso de todas as coisas por Deus para seus propósitos. A pergunta que queria deixar a todos é qual a sua reação ao modo como Deus governa todas as coisas? Como você reage ao modo como Deus governa a sua vida, a vida dos teus irmãos e a vida dos seus inimigos? é sobre isso que esse mandamento trata.
Mas antes é importante meditarmos um pouco sobre os dez mandamentos. Os dez mandamentos estão localizados no Antigo testamento, muitos evangélicos creem que não temos obrigação de cumprir o que está no Antigo Testamento, mesmo se fossemos considerar esse pensamento como verdadeiro, há uma repetição clara da ordem de se seguir nove (com exceção do quarto que não falaremos hoje) dos dez mandamentos no Novo Testamento. Todavia Jesus nos diz no sermão do monte que não venho revogar a lei ou os profetas, mas venho cumprir, e que nem um i ou til jamais passará da lei até que tudo se cumpra. (ver Mateus 5.17-18)
Para compreendermos melhor a lei, devemos entender que podemos dividir a lei em três aspectos: a) Lei civil ou judicial – representa a legislação dada a sociedade ou estado de Israel, que como tal tinha a finalidade de regular a sociedade civil do estado teocrático de Israel, que como tal não é aplicável normativamente em nossa sociedade, podendo no entanto ser usada como modelo para elaboração de leis civis. b) Lei religiosa ou cerimonial – representava a legislação levítica do velho testamento, representada pelos sacrifícios e simbolismo cerimonial, tinha a finalidade de apontar para o Messias e como tal foi cumprida em sua vinda, como o próprio Cristo disse em Mateus 5.17. c) Lei Moral – Representa a vontade de Deus para como o homem, no que diz respeito ao seu comportamento e seus deveres principais, tem a finalidade de deixar bem claro ao homem os seus deveres, revelando suas carências e auxiliando-o a discernir o bem e o mal.
Os dez mandamentos não podem ser considerados lei civil (ainda que a lei civil se baseie nos seus mandamentos) nem cerimonial, mas como um resumo da lei moral e por isso ela é tão importante para nós hoje.
Voltando ao décimo mandamento “Não cobiçarás a casa do teu próximo. Não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma que pertença ao teu próximo.” (Êxodo 20.17) Podemos deduzir dois ensinos desse mandamento, um não e um sim, e compreender também a partir desse mandamento a insuficiência da lei.
a) O não – Não cobiçaras. Antes devemos compreender que apesar da Palavra de Deus ser nossa norma em todos os tempos, não devemos esquecer-nos do contexto no qual ela foi escrita. Os exemplos do décimo mandamento incluem coisas valiosas na época e em uma sociedade rural, algumas podem não parecer tão valiosas para nós hoje, ainda assim o não cobiçaras inclui qualquer coisa. Mas o que seria cobiça, Agostinho define a palavra como “desejar mais que o bastante” no dicionário de português cobiça pode ser traduzida como “desejo imoderado e inconfessável de possuir”. Então a proibição do mandamento é do desejo intenso de possuir algo. Pode até mesmo ser o desejo intenso de ter algo que você tinha no passado “Quem nos dará carne a comer? Lembramo-nos dos peixes que, no Egito, comíamos de graça; dos pepinos, dos melões, dos alhos silvestres, das cebolas e dos alhos.” (Números 11.4-5); o desejo de algo que não é seu, a inveja (você pode desejar o carro, casa, mulher, emprego do teu próximo).
Não nos deixemos possuir de vanglória, provocando uns aos outros, tendo inveja uns dos outros;” (Gálatas 5.26)
Se, pelo contrário, tendes em vosso coração inveja amargurada e sentimento faccioso, nem vos glorieis disso, nem mintais contra a verdade. Esta não é a sabedoria que desce lá do alto; antes é terrena, animal e demoníaca. Pois, onde há inveja e sentimento faccioso, aí há confusão e toda espécie de coisas ruins.” (Tiago 3.14-16)
Não te indignes por causa dos malfeitores, nem tenhas inveja dos que praticam a iniqüidade.” (Salmo 37.1)
Asafe passou por isso ao observar a prosperidade dos ímpios:
Pois eu invejava os arrogantes, ao ver a prosperidade dos perversos.” (Salmo 73.3)
Ao contrário de desejar o que é do próximo, devemos estar prontos a dar o que é nosso ao nosso próximo:
“Tenho-vos mostrado em tudo que, trabalhando assim, é mister socorrer os necessitados e recordar as palavras do próprio Senhor Jesus: Mais bem-aventurado é dar que receber.”(Atos 20.35)
“Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade.”(Atos 2.45)
Portanto o primeiro ensino desse mandamento, o não dele é o de querer demais e querer aquilo que é do próximo. Você já sentiu inveja de alguém? Achou que não era justo Deus dar certa coisa para determinada pessoa e não para você?
Cobiçar o que é do próximo é sempre o primeiro passo antes de cometer outros pecados (roubo, assassinato, adultério) “Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz.  Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte.” (Tiago 1.14-15)
b) O Sim – Algo importante ao meditarmos sobre os mandamentos de Deus, é que a Bíblia não nos ensina somente o não, mas também nos ensina o sim, não devemos simplesmente deixar de fazer determinada coisa, mas passar a fazer outra coisa. Um exemplo legal disso encontramos em Efésios 4.28 “Aquele que furtava não furte mais; antes, trabalhe, fazendo com as próprias mãos o que é bom, para que tenha com que acudir ao necessitado.” Ou seja deixe de furtar, passe a trabalhar.”
E qual seria o mandamento positivo em relação a cobiça, vejamos um exemplo sobre o qual já conversamos o povo de Israel no deserto, por que eles cobiçavam o que eles tinham no passado? Porque eles estavam descontentes com aquilo que Deus tinha lhes dado, eles não se contentavam com o maná. Portanto poderíamos dizer “aquele que cobiça não cobice mais, antes contente-se com a providência Divina
“Seja a vossa vida sem avareza. Contentai-vos com as coisas que tendes; porque ele tem dito: De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei.” (Hebreus 13.5) Percebemos que o segredo do contentamento esta em confiar em Deus e em suas promessas.
Não te indignes por causa dos malfeitores, nem tenhas inveja dos que praticam a iniquidade. Pois eles dentro em breve definharão como a relva e murcharão como a erva verde. Descansa no SENHOR e espera nele, não te irrites por causa do homem que prospera em seu caminho, por causa do que leva a cabo os seus maus desígnios. Deixa a ira, abandona o furor; não te impacientes; certamente, isso acabará mal.” (Salmo37.1,2,7-8) Descansar na confiança e na justiça de Deus.
Foi isso que Asafe fez:
Tu certamente os pões em lugares escorregadios e os fazes cair na destruição” (Salmo 73.18)
Asafe também aprendeu que estar com Deus é o bastante, lembremos que Agostinho disse que “cobiçar é querer mais que o bastante”
Quem mais eu tenho no céu? Não há outro em quem eu me compraza na terra. Ainda que a minha carne e o meu coração desfaleçam, Deus é a fortaleza do meu coração e a minha herança para sempre” (Salmo 73.25-26)
Paulo nos fala sobre o contentamento
“De fato, grande fonte de lucro é a piedade com o contentamento. Porque nada temos trazido para o mundo, nem coisa alguma podemos levar dele. Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes.” (1 Timóteo 6.6-8)
E Paulo foi aquele que aprendeu o contentamento:  “Digo isto, não por causa da pobreza, porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situação. Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez; tudo posso naquele que me fortalece.” (Filipenses 4.11-13) Percebamos que Paulo aprendeu a viver contente porque a confiança dele estava no Senhor. Só aquele que aprendeu a viver contente pode orar com sinceridade “faça-se a tua vontade”(Mateus 6.10).
Mas isso nos deixa uma dúvida, se devemos sempre estar contentes então qualquer ambição é pecado? As coisas não são exatamente assim, nos contentamos com o modo como Deus governa o mundo, mas devemos trabalhar em prol do reino. Na parábola dos talentos, aquele servo lançado nas trevas foi justamente aquele que não teve ambição, Paulo diz “Foste chamado sendo servo? não te dê cuidado; e, se ainda podes ser livre, aproveita a ocasião.” (1 Coríntios 7.21) Porém nosso objetivo principal nunca deve ser focado em nós, devemos mesmo em nossa ambição “buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça” (Mateus 6.33). Não devemos confundir contentamento com preguiça (que é pecado), devemos trabalhar em prol do Reino lembrando que “tudo posso naquele que me fortalece”.
c) A insuficiência da lei – O pecado da cobiça nos leva a meditar sobre vários pontos, um no qual gostaria de me deter é que esse é um pecado que envolve o coração. Poderíamos de certo modo falsificar os outros mandamentos. Alguém pode enxergar eu sacrificando a Baal, se eu fizer uma imagem de Deus isso também será visível, se eu blasfemar alguém pode ouvir, assim como me podem ver trabalhando no Dia do Senhor, meus pais perceberão se eu desonra-los, o furto, o assassinato e o adultério também são atos visíveis, e ainda quando eu minto eu minto para alguém. Porém ninguém pode enxergar minha cobiça, ninguém pode ver meu coração descontente e revoltado com a providência de Deus. Com isso em mente já podemos ver que Cristo no sermão do monte apenas mostrou aquilo que a lei já dizia aos fariseus ao dizer por exemplo que no meu coração já posso adulterar, adulterar no coração nada mais é do que cobiçar uma mulher que não é minha.
Considerando que esse pecado envolve o coração, percebemos nossa incapacidade de cumpri-los, não é tão difícil (desconsiderando o décimo mandamento) cumprir externamente os outros mandamentos, mas o homem não pode mudar seu coração. Não á atoa que Paulo usa esse pecado para demonstrar que ele o fez conhecer o que era pecado.
Que diremos, pois? É a lei pecado? De modo nenhum! Mas eu não teria conhecido o pecado, senão por intermédio da lei; pois não teria eu conhecido a cobiça, se a lei não dissera: Não cobiçarás. Mas o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, despertou em mim toda sorte de concupiscência; porque, sem lei, está morto o pecado. Outrora, sem a lei, eu vivia; mas, sobrevindo o preceito, reviveu o pecado, e eu morri.” (Romanos 7.7-9)
Esse mandamento deixa claro que o homem não pode ser salvo pela lei, ele nem pode passar a cumprir esse mandamento porque ele envolve o coração. “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?” (Jeremias 17.9) “Pode, acaso, o etíope mudar a sua pele ou o leopardo, as suas manchas? Então, poderíeis fazer o bem, estando acostumados a fazer o mal.” (Jeremias 13.23)
Mas é importante lembrarmo-nos do prefácio dos dez mandamentos “Eu sou o SENHOR, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão.” (Êxodo 20.2) Percebemos que a salvação vem antes da lei, somos salvos “para” andar de acordo com a lei e não “por” andar de acordo com a lei. Não é atoa que no mesmo capítulo que Paulo fala que conheceu o pecado pela lei, ele nos diz “Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?  Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor.” (Romanos 7.24-25).
Aplicação:
No início dessa pregação falamos sobre a nossa relação com a providência de Deus, e então eu pergunto como você se sente em relação ao modo como Deus dirige a tua vida e a vida do teu próximo?
Se você, já sabe que foi salvo por Cristo, reconhece que ele tem dado forças para andar na tua lei, mas mesmo assim provavelmente você tropeça de algum modo nesse mandamento. E o que eu devo fazer então? Contente-se, peça para Deus lhe ensinar a estar sempre contente. O mesmo Paulo que aprendeu a estar contente em toda e qualquer situação, na mesma carta dos Filipenses disse “Mas o que, para mim, era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo. Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo” (Filipenses 3.7-8). Portanto conheça a Cristo, diante de Cristo tudo é esterco (seria a tradução mais correta), não creio alguém cobice esterco. Estude o modo como Ele sempre conduziu se povo e descanse na palavra d’Ele que diz. “De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei” (Hebreus 13.5), “ Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.”(Romanos 8.28).
Porém, você pode ser daqueles que confiam que é salvo pelo que você tem feito, e olhando sem muita profundidade os dez mandamentos você pode achar que não tem falhado tanto. Mas esse mandamento mostra que você é culpado, “Pois qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos.” (Tiago 2.10). Esse mandamento mostra, que você não é tão diferente de muitas pessoas que você condena, seja sincero e perceberás que em sua mente já cometeu muitos pecados que você constantemente condena em outras pessoas. Mas Deus vê o seu coração, e sabe quem você realmente é. Mas o evangelho são boas-novas, e um cordeiro foi morto no lugar daqueles que um dia iriam crer n’Ele, pagando o preço por toda cobiça, Aquele que nunca cobiçou morreu por cobiçadores. Confie n’Ele, em Cristo Jesus, porque “Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.”(Isaías 53.5)
Que possamos todos nos contentar e descansar em Nosso Senhor.
Autor: Ivan Junior

Nenhum comentário:

Postar um comentário