segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Pregação – Como agir quando quem age mal é que se dá bem?


Texto Base – Salmo 73

Como agir quando vemos aqueles que são desonestos, mentirosos prosperando? Como agir quando vemos pessoas que desprezam a Deus se dando bem? Como nos sentimos quando aquela pessoa que mente e fofoca no trabalho é promovida enquanto quem realmente trabalha não é recompensado? Como nos sentimos se formos mal na prova que estudamos e aquele teu colega que foi na balada na noite anterior fez a prova de ressaca, colou e tirou uma nota maior do que a sua? Como agir quando aparentemente o bem não compensa?

Há em cada um de nós um senso de justiça, mesmo aqueles a que não tem conhecimento da lei de Deus “tem a norma da lei gravada no seu coração, testemunhando-lhes também a consciência e os seu pensamentos , mutuamente acusando-se ou defendendo-se” (Romanos 2.15), ou seja temos uma consciência que nos faz clamar por justiça, ninguém gosta de ver alguém que seja comprovadamente um criminoso andando solto nas ruas, torcemos para que a justiça seja feita.
Porém muitas vezes vemos pessoas que fazem constantemente coisas erradas e que mesmo assim prosperam, por causa desse senso de justiça isso nos incomoda, isso também incomodou Asafe, e com ele iremos aprender a lidar com isso.
No hebraico o livro de Salmos é chamado de “louvores”  ou “Livro de louvores”. O nome Salmos vem da tradução grega do AT, a septuaginta.  O verbo grego de qual vem a palavra Salmos significa algo como vibração de cordas. O livro de Salmos é o hinário inspirado do Antigo Israel (e deveria ser base para nossas músicas também). O livro de Salmos também o livro do AT mais citado no NT.
O livro de salmos é portanto  uma coleção de canções do povo de Israel, eles nos mostram que o Povo de Israel são como os cristãos, nos ensinam que não há tanta diferença entre o verdadeiro judeu do AT e o verdadeiro cristão do novo, eles expressam sentimentos dos judeus que nos falam do relacionamento deles com Deus e olhando para eles podemos perceber que não somos tão diferentes assim.
Os 150 salmos são organizados em 5 livros os quais terminam com uma doxologia (veja Salmo 72.18-20), e esse além de ser o primeiro salmo do terceiro Livro, também é o primeiro de 11 salmos de Asafe.
Asafe inicia o Salmo com uma conclusão, depois dessa conclusão ele nos relata o que ele chegou a pensar no passado, mas agora ele não pensa mais desse modo, é como Asafe nos dissesse, “Sim, Deus é bom para com Israel, os de coração puro (o verdadeiro Israel), porém eu nem sempre pensei assim” Assim, Asafe começa a falar de um período em que por pouco ele não se desviou, um período no qual por pouco ele não caiu.
Asafe nos conta que invejava a prosperidade dos perversos, e então nos fala sobre a Imagem que ele tinha dos perversos.  Despreocupados, saudáveis, não se cansam ou se afligem, soberbos e violentos. “Os olhos saltam-lhes da gordura” isso pode estar ligado a cobiça, pela tradução que vemos da segunda sentença do versículo na Almeida Corrigida e revisada fiel “eles têm mais do que o coração podia desejar” (Salmos 73.7 ACF) Ou pode se referir como em outras versões apenas como a maldade no coração deles. Apesar de tudo isso assim, os perversos ainda falam contra Deus e usam sua língua para conquistar os homens, pelo que vemos no versículo 10 que podemos compreender que eles são populares “seu povo se volta para eles e bebem suas palavras até saciar-se” (Salmos 73.10 NVI). O povo se volta para eles no sentido de compartilharem do mesmo pensamento. Em tudo isso os perversos chegam a questionar a onisciência de Deus. “Como sabe Deus? Acaso há conhecimento no altíssimo?”(v.11). O salmo 36 nos fala que a transgressão diz ao ímpio “que a sua iniquidade não há de ser descoberta nem detestada” ele tem a ilusão de que Deus não saberá disso. No verso 12 Asafe conclui a imagem dos ímpios, é como se ele dissesse “assim são os ímpios e continuam enriquecendo”.
A Partir do verso 13 Asafe passa a falar dele, ele pensava do que adianta me manter justo se sou castigado. Vejamos que Asafe traça um contraste, os ímpios que fazem o mal e se dão bem, e ele que busca fazer o certo e se dá mal. Porém Asafe reconhece que agindo desse modo, passando pro lado dos ímpios ele teria traído o seu povo, lembremos que no verso 2 Asafe nos disse que quase escorregou, o que nos mostra que não devemos usar o exemplo de Asafe para justificar-nos quando nos sentimos assim visto que ele mesmo admite que estava errado.  Pensar sobre isso era uma tarefa pesada para Asafe, até que ele buscou em Deus e lá pode aprender aquilo que era difícil para ele.
Depois Asafe volta a falar sobre os ímpios, mas depois do aprendizado que ele teve do Senhor, o que Asafe nos diz é “isso certamente não ficará assim” como diz Davi no Salmo 37, falando sobre os ímpios “eles em breve definharão como a relva e murcharão como a Erva verde” (Salmo 37.2). Tu os colocas em lugares escorregadios, ou seja eles estão andando em um terreno perigoso e em breve irão cair. Compreendendo isso sobre os ímpios Asafe admite que quando pensava diferente ele era embrutecido, ignorante, irracional.
Asafe também mudou a perspectiva que ele tinha dele mesmo, e eu ainda que seja afligido tenho a Deus, ainda que eu desfaleça Deus é a minha fortaleza, ele é minha herança. O que importa é estar com Ele. Deus é suficiente.
Asafe termina concluindo o que ele aprendeu sobre os ímpios, serão destruídos e sobre ele que o bom era estar com Deus e proclamar os seus feitos.
O exemplo de Asafe nos ensina três coisas sobre como agir quando quem faz o mal é que se dá bem, quando parece que o bem não compensa.
1. Buscar as respostas em Deus e não em si mesmo. Asafe diz que era uma tarefa pesada refletir para compreender isso. Quando compreendemos que devemos buscar a resposta em Deus isso não significa ficar meditando esperando ouvir uma voz na nossa mente, não que não possam acontecer coisas assim. “As coisas encobertas pertencem ao SENHOR nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem.”(Deuteronômio 29.29) Deus se revelou através de sua palavra e nela devemos buscar respostas quando as coisas nos intrigam. “Porque o Senhor dá a sabedoria, e da sua boca vem a inteligência e o entendimento” (Provérbios 2.6). A perspectiva da Asafe só mudou quando ele buscou no Senhor as respostas, Cristo é a verdadeira luz (ver João 1.9) que nos impede de tatearmos no escuro, Ele se tornou da parte de Deus sabedoria (ver 1 Coríntios 1.30), Cristo nos diz “tudo quanto ouvi do meu Pai vos tenho dado a conhecer” (João 15.15b). Portanto somente nele podemos ter o verdadeiro conhecimento e encontrar as respostas para momentos difíceis. Foi buscar as respostas em Deus que evitou que Asafe escorregasse.
2. Compreender que Deus é justo – isso foi uma das coisas que Asafe pode aprender de Deus, “Porque o SENHOR é justo, ele ama a justiça.” (Salmo 11.7) “Justo és, SENHOR, e retos, os teus juízos.” (Salmo 119.137). No Salmo 37 Davi também lida com a questão da prosperidade dos perversos, e também demonstra essa confiança na justiça de Deus. “Os ímpios arrancam da espada e distendem o arco para abater o pobre e o necessitado, para matar o que trilha o reto caminho. A sua espada porém lhes transpassará o próprio coração, e os seus arcos serão espedaçados.” (Salmo 37 v.14-15). Mas é importante aprender também a esperar a justiça de Deus, “porque não se encheu ainda a medida da iniqüidade dos amorreus.”(Gênesis 15.16) As vezes é como se Deus esperasse para manifestar sua justiça. Asafe aprendeu que tem de esperar por esse dia “o SENHOR ao despertares, desprezarás a imagem deles” (v.20). É por isso que Davi nos diz “Espera no SENHOR” (Salmo 37.34).
3. Aprender que Deus é o suficiente – você já parou para pensar que tolice seria você morar em uma mansão e ver um mendigo na porta da sua casa comendo do lixo e pensar “a eu aqui comendo lagosta e esse mendigo comendo esse apetitoso lixo fresco”. Quando Asafe tinha inveja dos arrogantes era desse modo que ele agia. Asafe percebeu que estar com Deus era o suficiente, de certo modo a única coisa que realmente importa, ou seja, ainda que os ímpios prosperassem era como ele estivesse comendo comida fina e os ímpios comendo lixo, ou talvez possamos falar como Paulo e usar o termo esterco. “Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu SENHOR; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como ‘esterco’ para ganhar a Cristo” (Filipenses 2.8 – no original a palavra é esterco mesmo). Se diante de Deus tudo é esterco como posso querer outra coisa. “Ainda que a minha carne e o meu coração desfaleçam, Deus é a fortaleza do meu coração e a minha herança para sempre” (Salmo 73.26). “Uma coisa peço ao SENHOR, e a buscarei: que eu possa morar na casa do SENHOR todos os dias da minha vida, para contemplar a beleza do SENHOR e meditar no teu templo” (Salmo 27.4). O maior presente da salvação não é se livrar do inferno, mas reconciliar-se com Deus “que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo” (2 Coríntios 5.18). O pecado trouxe separação entre homem e Deus, a recompensa da Salvação é se reconciliar com Deus. O mais importante no céu é a presença de Deus. “Então já não haverá noite, nem precisam eles de luz de candeia, nem da luz do sol, porque o Senhor Deus brilhará sobre eles, e reinarão pelos séculos dos séculos” (Apocalipse 22.5).
Aplicação
Aprender que Deus é justo pode ser uma boa ou má notícia para você, depende de que lado você está. Se você tem aprendido que estar com Deus é suficiente, tem prazer em servi-lo e se entristece de suas falhas, se você “pode ser achado em Cristo, não tendo justiça própria que procede da lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus baseada na fé;” (Filipenses 3.9) você tem motivos para se alegrar de lembrar que habitará na “casa do SENHOR todos os dias” (Salmo 27.4) durante toda eternidade.
Porém, se você também ouve a voz da tua transgressão em vão se enganando pensando que Deus não sabe, lembre que “o SENHOR ao despertares, desprezarás a TUA imagem” que “Deus destrói todos os que são infiéis para com ele”. Talvez você se pergunte, onde posso me refugiar, lembremos que Asafe disse que “No SENHOR Deus ponho o meu refúgio” (Salmo 73.28). Porém há um problema: como pode haver comunhão entre um Deus santo e um perverso como você? Lembremos que Ele é justo. A maior manifestação da justiça de Deus foi a cruz, nela o pecado do povo de Deus foi expiado de modo que pela fé em Cristo você pode se refugiar em Deus. “Pois também Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo pelos injustos, para conduzir-vos a Deus” (1 Pedro 3.18). Pelo sacrifício de Cristo somos reconduzidos a Deus, e podemos n’Ele nos refugiar.
Que o Senhor Nosso Deus possa abençoar todos nós para que possamos nos refugiar n’Ele, pelo sacrifício d’Ele e para Glória d’Ele.
Autor: Ivan Junior

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