quarta-feira, 18 de julho de 2012

Biografia George Whitefield – J. C. Ryle Parte 5 Capítulo 3 - Parte 2 A Vida de George Whitefield



Com a idade de 22 anos, Whitefield foi admitido às Santas Ordens pelo Bispo Benson de Gloucester, no Domingo da Santíssima Trindade, em 1736. Sua ordenação não resultou da sua própria busca. O bispo ouviu de Lady Selwyn e de outros a respeito do seu caráter, mandou buscá-lo e deu-lhe cinco guinéus para comprar livros, oferecendo-se para ordená-lo quando ele desejasse, embora tivesse apenas 22 anos de idade. Esta oferta inesperada o alcançou quando ele estava cheio de escrúpulos a respeito da sua própria condição para o ministério. Aquilo desfez as amarras e o levou a tomar uma decisão. ‘Eu comecei a pensar' , diz ele, ‘que se continuasse a resistir, eu lutaria contra Deus'.
O primeiro sermão de Whitefield foi pregado na própria cidade onde ele nasceu, na Igreja de Sta. Mary-le-Crypt, em Gloucester. A sua própria descrição é o melhor relato que pode ser dado: ‘Domingo passado, de tarde, eu preguei meu primeiro sermão, na Igreja de Sta. Mary-le-Crypt, onde fui batizado e também pela primeira recebi o sacramento da Ceia do Senhor. Curiosamente, como você pode facilmente conjecturar, isto atraiu uma grande congregação na ocasião. A visão, à princípio, atemorizou-me um pouco. Mas fui confortado com um sentimento sensível ao meu coração da presença divina, e logo descobri a indizível vantagem de ter sido acostumado a falar em público quando garoto na escola, e de exortar prisioneiros e pessoas pobres nas suas casas quando na Universidade. Por meio disso fui guardado de ser demasiadamente desencorajado. Quando eu prosseguia percebi um fogo se acender, até que por fim, embora tão jovem e cercado por uma multidão daqueles que me conheciam desde os dias da minha meninice, eu acredito que fui habilitado a pregar o Evangelho com algum grau de autoridade. Alguns poucos escarneceram, mas a maioria parecia subitamente impressionada; e eu ouvi que uma queixa foi feita ao bispo, de que eu havia levado quinze pessoas à loucura com o meu primeiro sermão! O digno prelado desejou que a loucura não viesse a ser esquecida antes do próximo domingo.'
Quase que imediatamente após sua ordenação, Whitefield foi para Oxford e obteve seu grau de Bacharel em Artes. Ele então começou sua vida ministerial regular assumindo deveres temporários na Tower Chapel em Londres. Enquanto servia ali, pregou continuamente em muitas igrejas de Londres, e entre outras, nas igrejas paroquiais de Islington, Bishopsgate, Sto. Dunstan, Sta. Margaret, Westminster, Ibow, Cheapside. Desde o início ele obteve um grau de popularidade tal, que nenhum pregador antes ou desde então provavelmente jamais alcançou. Quer em dias de semana ou domingos, onde quer que ele pregasse as igrejas lotavam e uma grande sensação era produzida. A grande verdade é que um pregador extemporâneo e realmente eloqüente, pregando o puro Evangelho com os dons de voz e de maneiras não usuais, era naquele tempo uma completa novidade em Londres. As congregações eram tomadas de surpresa e arrebatadas. De Londres ele foi transferido por dois meses para Dummer, numa pequena paróquia rural em Hampshire, perto de Basingstoke. Esta era uma esfera de ação totalmente nova, e ele parecia como que um homem enterrado vivo entre aquele povo pobre e iletrado. Mas cedo ele adaptou-se a situação, e concluiu posteriormente que colheu muito proveito das conversas que teve com os pobres. De Dummer ele aceitou um convite, o qual lhe havia sido feito com insistência pelos irmãos Wesley para visitar a colônia de Geórgia na América do Norte, para ajudar no cuidado de uma casa de órfãos que havia sido estabelecida perto de Savannah para filhos de colonizadores. Após pregar por alguns poucos meses em Gloucestershire, e especialmente em Bristol e Stonehouse, ele viajou para América no segundo semestre de 1737, permanecendo lá por cerca de um ano. As coisas relacionadas com esta casa de órfãos, deve-se observar, ocuparam muito da sua atenção desde este período da sua vida até a sua morte. Apesar de bem intencionado, parece ter sido uma decisão de questionável sabedoria, e certamente acarretou a Whitefield um mundo de ansiedade e responsabilidade até o fim de seus dias.
Whitefield retornou da Geórgia na segunda parte do ano de 1738, em parte para obter as ordens do sacerdote, que lhe foram conferidas pelo seu antigo amigo, o Bispo Benson, e em parte para tratar de negócios relacionados com a casa de órfãos. Ele cedo descobriu, entretanto, que a sua posição não era mais a mesma de antes de haver viajado para a Geórgia. O grosso do clero não lhe era mais favorável e olhavam-no com suspeitas, como um entusiasta e um fanático. Eles estavam escandalizados principalmente por causa da pregação da doutrina da regeneração ou do novo nascimento, como algo que muitas pessoas batizadas necessitavam grandemente! O número de púlpitos aos quais ele tinha acesso rapidamente diminuiu. Os guardiões da igreja, os quais não tinham olhos para a bebedeira e impureza, ficaram cheios de intensa indignação sobre o que eles chamavam de ‘violação da ordem'. Bispos que podiam tolerar o Arminianismo, Socinianismo e Deísmo, encheram-se de indignação contra um homem que declarava plenamente a expiação de Cristo e a obra do Espírito Santo, e começaram a denunciá-lo abertamente. Para abreviar, deste período da sua vida em diante, o campo de utilidade de Whitefield dentro da Igreja da Inglaterra estreitou-se rapidamente de todos os lados.
O fato que neste tempo provocou uma reviravolta em todo o curso do ministério de Whitefield foi sua adoção do sistema de pregação a céu aberto. Observando que milhares em todo lugar não freqüentavam locais de culto, gastavam seus domingos na ociosidade ou no pecado e não eram alcançados pelos sermões pregados dentro das paredes dos templos, ele resolveu, num espírito de ofensiva santa, ir atrás deles ‘nas ruas e becos', de acordo com o princípio de seu Mestre, e ‘compeli-los a entrar'. A sua primeira tentativa em fazer isso foi entre os mineiros de carvão em Kingswood, perto de Bristol, em fevereiro de 1739. Depois de muita oração, ele foi um dia para o monte Hannam, colocou-se de pé sobre o monte, e começou a pregar a aproximadamente uma centena de mineiros, baseado em Mateus 5:1-3 . Logo a coisa tornou-se conhecida. O número de ouvintes rapidamente aumentou, até que a congregação contava com muitos milhares. Seu próprio relato da conduta destes mineiros de carvão negligenciados, os quais nunca haviam estado em uma igreja nas suas vidas, é profundamente comovente: ‘Não tendo', escreve ele a um amigo,‘nenhuma justiça própria para renunciar, eles ficavam felizes ao ouvir de um Jesus, o qual era um amigo de publicanos, e que não veio chamar os justos, mas pecadores ao arrependimento. A primeira vez que descobri que estavam sendo afetados foi através da visão dos sulcos brancos feitos por suas lágrimas, que rolavam abundantemente das suas faces negras, visto que haviam saído das suas minas de carvão. Centenas deles foram logo levados a uma profunda convicção, a qual, foi comprovado, terminou felizmente em uma sadia e total conversão. A mudança era visível a todos, apesar de alguns terem escolhido atribuí-la a qualquer outra coisa que não ao dedo de Deus. Visto que a cena era totalmente nova, ela freqüentemente ocasionava muitos conflitos interiores. Às vezes, quando vinte mil pessoas estavam diante de mim, eu não tinha uma só palavra para dizer, quer a Deus ou a eles. Mas eu nunca fui totalmente desamparado, e freqüentemente (porque negar isto seria mentir contra Deus) fui de tal modo assistido, que vim a saber, por uma feliz experiência, o que o nosso Senhor tencionava ao dizer ‘do seu interior fluirão rios de água viva'. O firmamento aberto sobre mim, a vista dos campos adjacentes, com a visão de milhares, alguns em carroças, outros sobre o dorso de cavalos, e alguns nas árvores, e às vezes, todos comovidos e em lágrimas, era quase que demais para mim e dominava-me totalmente.'
Dois meses depois disto Whitefield iniciou a prática de pregação a céu aberto em Londres, no dia 27 de abril de 1739. As circunstâncias nas quais isto aconteceu foram curiosas. Ele havia ido para Islington para pregar a convite do vigário, seu amigo, Sr. Stonehouse. No meio da oração os guardiões da igreja vieram a ele e pediram sua licença para pregar na diocese de Londres. E claro que Whitefield não tinha esta licença, assim como nenhum outro ministro que não oficiava regularmente na diocese, naqueles dias. O resultado da questão foi que, sendo proibido de pregar pelos guardiões da igreja no púlpito, ele foi para fora depois da comunhão e pregou no cemitério da igreja. ‘E', diz ele, ‘Deus agradou-se em assistir-me na pregação e a comover tão maravilhosamente os ouvintes, que acredito que poderíamos ter ido para a prisão cantando hinos. Não digam os adversários que eu mesmo me retirei das suas sinagogas. Não! Eles me expulsaram.' Daquele dia em diante ele tomou-se um constante pregador do campo quando quer que o tempo e a estação do ano o fizesse possível. Dois dias depois, no domingo de 29 de abril, ele registra: ‘Eu preguei em Moorfields a uma multidão extremamente grande. Tendo ficado debilitado pelo meu sermão da manhã, eu descansei de tarde dormindo um pouco, e às cinco horas fui e preguei em Kenninngton Common, à cerca de duas milhas de Londres, quando não menos do que trinta mil pessoas foram estimadas estar presentes'. Daí em diante, aonde quer que houvesse amplos espaços abertos ao redor de Londres, aonde quer que houvesse grandes grupos de ociosos, ímpios, profanadores do domingo reunidos, em Hackney Fields, Mary-le-bone Fields, May-Fair, Smithfields, Blackheath, Moorfields, Kenninngton Conmion, lá estava Whitefield levantando sua voz por Cristo. O Evangelho assim proclamado era ouvido e alegremente recebido por centenas que nunca sonharam em ir a um lugar de adoração. A causa da pura religião avançou e almas foram arrancadas das mãos de Satanás, como brasas do fogo. Mas a coisa estava indo rápido demais para a igreja daqueles dias. O clero, com poucas exceções, recusava inteiramente apoiar este estranho pregador. Com um espírito de verdadeira inveja, eles nem gostavam de ir atrás das massas da população semi-pagã, nem queriam que ninguém fosse fazer o trabalho para eles. A conseqüência foi que as pregações de Whitefield nos púlpitos da Igreja da Inglaterra a partir deste tempo cessaram quase que inteiramente. Ele amava a igreja na qual havia sido ordenado; ele gloriava-se nos seus artigos de fé; ele usava com prazer os seus livros de oração. Mas a igreja não o amava, e assim perdeu o uso dos seus serviços. A pura verdade é, que a igreja da Inglaterra daqueles dias não estava pronta para um homem como Whitefield. A igreja estava sonolenta demais para entendê-lo e incomodada com um homem que não se aquietava nem deixava o diabo em paz.
Os acontecimentos da história de Whitefield a partir deste período até o dia da sua morte são quase que inteiramente da mesma compleição. Um ano era exatamente como o outro e tentar segui-lo seria apenas pisar repetidamente sobre o mesmo solo. De 1739 até o ano da sua morte em 1770, um período de 31 anos, sua vida foi de uma desenvoltura uniforme. Ele foi eminentemente um homem de uma só coisa, que era o cuidado dos negócios de seu Mestre. De domingo de manhã aos sábados à noite, de primeiro de janeiro a 31 de dezembro, excetuando-se quando ficava impossibilitado por doença, ele estava quase que incessantemente pregando a Cristo, e indo ao redor do mundo convidando os homens ao arrependimento, a virem a Cristo e a serem salvos. Dificilmente houve uma cidade de considerável tamanho na Inglaterra, Escócia ou País de Gales, que ele não tenha visitado como evangelista. Quando as igrejas lhe estavam abertas, ele pregava alegremente nas igrejas; quando apenas capelas podiam ser conseguidas, ele pregava com alegria nas capelas. Quando igrejas e capelas estavam ambas fechadas, ou eram demasiadamente pequenas para conter seus ouvintes, ele estava pronto e desejoso de pregar ao ar livre. Por 31 anos ele laborou deste modo, sempre proclamando o mesmo Evangelho glorioso, e sempre, até onde os olhos humanos possam julgar, com imenso efeito. Numa única semana de pentecostes, após pregar em Moorfields, ele recebeu cerca de mil cartas de pessoas espiritualmente aflitas, e admitiu à mesa do Senhor trezentos e cinqüenta pessoas. Nos trinta e quatro anos do seu ministério é reconhecido que ele pregou publicamente dezoito mil vezes.
Suas viagens foram prodigiosas, quando consideradas as ruas e meios de transportes do seu tempo. Mais do que qualquer homem nos tempos modernos, ele estava familiarizado com ‘perigos no deserto e perigos no mar'. Ele visitou a Escócia quatorze vezes e em nenhum outro lugar foi mais bem aceito e útil do que naquele país amante da Bíblia. Ele cruzou o Atlântico sete vezes, de ida e de volta, em miseráveis e lentos barcos a vela e atraiu a atenção de milhares em Boston, New York e Philadelphia. Ele foi à Irlanda duas vezes, e em determinada ocasião quase foi assassinado por uma turba de papistas ignorantes em Dublin. Na Inglaterra e no País de Gales, ele percorreu cada um de seus condados, da Ilha de Wight até Berwick-on-Thiid, e da Land's End até North Foreland.
O seu trabalho ministerial regular em Londres durante a estação de inverno, quando a pregação no campo era necessariamente suspensa, era, às vezes, prodigioso. Seus compromissos semanais no Tabernáculo em Tottenham Court Road, o qual foi construído por ele quando os púlpitos da igreja estabelecida foram fechados, compreendiam os seguintes trabalhos: cada domingo de manhã ele ministrava a Ceia do Senhor a diversas centenas de comungantes, às seis e meia. Depois disso, ele lia orações, e pregava de manhã e de tarde. Então pregava novamente no início da noite, às cinco e meia, e concluía dirigindo-se a um largo grupo de viúvas, casais, homens e mulheres solteiros, todos sentados separadamente na área do Tabernáculo, com exortações apropriadas às suas respectivas situações. Nas manhãs de segunda, terça, quarta e quinta, ele pregava regularmente às seis horas. Nas tardes de segunda, terça, quarta, quinta e sábado, ele fazia palestras. Isto, pode-se observar, perfazia treze sermões por semana. E durante todo este tempo ele mantinha uma ampla correspondência com pessoas em quase toda parte do mundo.
Que qualquer constituição humana pudesse suportar os labores que Whitefield suportou durante tanto tempo, parece surpreendente. Que sua vida não tenha sido ceifada pelos perigos aos quais estava freqüentemente exposto, não é menos surpreendente. Mas ele foi imortal até que seu trabalho fosse realizado. Por fim , ele morreu subitamente em Newbury Porth, na América do Norte, num domingo, 29 de setembro de 1770, ainda relativamente novo, com 56 anos de idade. Ele foi casado com uma viúva chamada James, de Abergavenny, a qual morreu antes dele. Se podemos julgar pela pouca menção que ele faz da esposa em suas cartas, o casamento não parece ter contribuído muito para sua felicidade. Ele não deixou filhos, mas deixou um nome bem melhor preservado do que se tivesse deixado filhos e filhas. Talvez nunca tenha havido um homem do qual se pudesse dizer tão verdadeiramente que gastou e foi gasto por Cristo como George Whitefield.
As circunstâncias particulares do fim deste grande evangelista são tão profundamente interessantes que eu não me desculparei em demorar-me neles. Foi um fim em extraordinária harmonia com o teor da sua vida. Assim como havia vivido por mais de trinta anos, assim ele morreu: pregando até o fim . Ele literalmente morreu no posto. ‘Morte súbita', freqüentemente dizia, ‘é glória súbita. Quer correto ou não, não posso deixar de desejar partir desta maneira. Para mim seria pior do que a morte ter de ser assistido na doença e ver os amigos chorando ao redor de mim'. Ele teve o desejo do seu coração atendido. Foi ceifado numa noite por um acesso espasmódico de asma, quase que antes que seus amigos viessem a saber que se encontrava doente.
Na manhã de sábado, de 29 de setembro, o dia em cuja noite morreria, Whitefield viajou a cavalo de Portsmouth em New Hampshire, a fim de cumprir um compromisso de pregar em Newbury Porth no domingo. No caminho , infelizmente, ele foi convidado insistentemente para pregar em um lugar chamado Exeter, e apesar de se sentir muito doente, não teve coragem de recusar. Um amigo observou que antes de iniciar a pregação, ele parecia mais indisposto do que o usual, e lhe disse, ‘O senhor está mais habilitado para ir para cama do que para pregar.', ao que Whitefield replicou: ‘É verdade, senhor', e então, virando-se para o lado, apertou as mãos uma na outra e olhando para cima disse: ‘Senhor Jesus, eu estou cansado na tua obra, mas não da tua obra. Se ainda não terminei minha carreira, deixa-me ir e pregar uma vez mais nos campos, selar a tua verdade, vir para casa e morrer'. Então ele foi e pregou a uma enorme multidão nos campos, baseado em II Coríntios 8:5 , pelo espaço de quase duas horas. Foi seu último sermão, e uma conclusão apropriada a toda a sua carreira.
Uma testemunha ocular deu o surpreendente relato da cena final da vida de Whitefield: “Ele levantou-se de sua cadeira, e permaneceu em pé. A sua simples aparência era um poderoso sermão. A magreza de sua face, a palidez do seu semblante, a luta evidente do brilho celestial em um corpo decadente demais para falar, era algo profundamente interessante; o espírito estava querendo, mas a carne estava morrendo. Nesta situação ele permaneceu por diversos minutos, sem conseguir falar. Então ele disse: ‘Esperarei pela graciosa assistência de Deus, porque Ele irá, estou certo, assistir-me uma vez mais para falar em seu nome.' Então ele pregou talvez um de seus melhores sermões. A parte final continha as seguintes palavras: ‘Eu vou; eu vou para um descanso que me está preparado. O meu Sol deu luz a muitos, mas agora ele está se pondo - não, agora ele está se levantando para o zênite da glória imortal. Eu vivi mais do que muitos na terra, mas eles não viverão mais do que eu nos céus. Muitos viverão mais do que eu na terra, e permanecerão quando este corpo não mais existir, mas lá, oh, pensamentos divinos!, eu estarei num mundo aonde tempo, idade, doença, e sofrimentos são desconhecidos, o meu corpo agora falha, mas o meu espírito se expande. Como eu desejaria viver para sempre para pregar a Cristo. Mas eu morro para estar com Ele. Quão breve - comparativamente breve - foi a minha vida comparada com os imensos labores os quais eu vejo diante de mim ainda não realizados. Mas se eu partir agora, enquanto ainda tão poucos preocupam-se com as coisas celestiais, o Deus da Paz certamente visitará vocês'”. Depois que o sermão terminou, Whitefield jantou com um amigo, então cavalgou para Newbury Porth, apesar de bastante fatigado. Ao chegar ali, ele ceou cedo e retirou-se para a cama. A tradição diz que quando ele subia as escadas com uma vela acesa nas mãos, ele não pôde resistir ao desejo de voltar o rosto, no topo da escada, e falar aos amigos que estavam reunidos, os quais vieram encontrá-lo. Enquanto ele falava, o fogo brilhava dentro dele, e antes que pudesse concluir, a vela que segurava nas mãos queimou até o fim. Ele retirou-se para o seu quarto para não mais sair de lá com vida. Um violento acesso de asma se apoderou dele logo depois que foi para a cama e antes das seis da manhã, o grande pregador estava morto. Quando chegou a hora, ele não tinha nada para fazer a não ser morrer. Onde ele morreu, aí foi enterrado, em uma câmara mortuária abaixo do púlpito da igreja, onde ele estava comprometido para pregar. O seu sepulcro é visto até o dia de hoje e nada faz a pequena cidade onde morreu tão famosa quanto o fato de que ali estão os ossos de George Whitefield.
*Traduzido por Paulo R. B. Anglada, a partir de J. C. Ryle, Christian Leaders of 18th. Century (reprint, Edinburgh and Pennsylvania: The Banner of Truth Trust, 1978), 149-79. Revisado por Cláudio Vilhena e Emir Bemerguy Filho.

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