Com
a idade de 22 anos, Whitefield foi admitido às Santas Ordens pelo Bispo Benson
de Gloucester, no Domingo da Santíssima Trindade, em 1736. Sua ordenação não
resultou da sua própria busca. O bispo ouviu de Lady Selwyn e de outros a
respeito do seu caráter, mandou buscá-lo e deu-lhe cinco guinéus para comprar
livros, oferecendo-se para ordená-lo quando ele desejasse, embora tivesse
apenas 22 anos de idade. Esta oferta inesperada o alcançou quando ele estava
cheio de escrúpulos a respeito da sua própria condição para o ministério.
Aquilo desfez as amarras e o levou a tomar uma decisão. ‘Eu comecei a
pensar' , diz ele, ‘que se continuasse a resistir, eu lutaria contra
Deus'.
O
primeiro sermão de Whitefield foi pregado na própria cidade onde ele nasceu, na
Igreja de Sta. Mary-le-Crypt, em Gloucester. A sua própria descrição é o melhor
relato que pode ser dado: ‘Domingo passado, de tarde, eu preguei meu
primeiro sermão, na Igreja de Sta. Mary-le-Crypt, onde fui batizado e também
pela primeira recebi o sacramento da Ceia do Senhor. Curiosamente, como você
pode facilmente conjecturar, isto atraiu uma grande congregação na ocasião. A
visão, à princípio, atemorizou-me um pouco. Mas fui confortado com um
sentimento sensível ao meu coração da presença divina, e logo descobri a
indizível vantagem de ter sido acostumado a falar em público quando garoto na
escola, e de exortar prisioneiros e pessoas pobres nas suas casas quando na
Universidade. Por meio disso fui guardado de ser demasiadamente desencorajado.
Quando eu prosseguia percebi um fogo se acender, até que por fim, embora tão
jovem e cercado por uma multidão daqueles que me conheciam desde os dias da
minha meninice, eu acredito que fui habilitado a pregar o Evangelho com algum
grau de autoridade. Alguns poucos escarneceram, mas a maioria parecia
subitamente impressionada; e eu ouvi que uma queixa foi feita ao bispo, de que
eu havia levado quinze pessoas à loucura com o meu primeiro sermão! O digno
prelado desejou que a loucura não viesse a ser esquecida antes do próximo
domingo.'
Quase
que imediatamente após sua ordenação, Whitefield foi para Oxford e obteve seu
grau de Bacharel em Artes. Ele então começou sua vida ministerial regular
assumindo deveres temporários na Tower Chapel em Londres. Enquanto servia ali,
pregou continuamente em muitas igrejas de Londres, e entre outras, nas igrejas
paroquiais de Islington, Bishopsgate, Sto. Dunstan, Sta. Margaret, Westminster,
Ibow, Cheapside. Desde o início ele obteve um grau de popularidade tal, que
nenhum pregador antes ou desde então provavelmente jamais alcançou. Quer em
dias de semana ou domingos, onde quer que ele pregasse as igrejas lotavam e uma
grande sensação era produzida. A grande verdade é que um pregador extemporâneo
e realmente eloqüente, pregando o puro Evangelho com os dons de voz e de
maneiras não usuais, era naquele tempo uma completa novidade em Londres. As
congregações eram tomadas de surpresa e arrebatadas. De Londres ele foi
transferido por dois meses para Dummer, numa pequena paróquia rural em
Hampshire, perto de Basingstoke. Esta era uma esfera de ação totalmente nova, e
ele parecia como que um homem enterrado vivo entre aquele povo pobre e
iletrado. Mas cedo ele adaptou-se a situação, e concluiu posteriormente que
colheu muito proveito das conversas que teve com os pobres. De Dummer
ele aceitou um convite, o qual lhe havia sido feito com insistência pelos
irmãos Wesley para visitar a colônia de Geórgia na América do Norte, para
ajudar no cuidado de uma casa de órfãos que havia sido estabelecida perto de
Savannah para filhos de colonizadores. Após pregar por alguns poucos meses em
Gloucestershire, e especialmente em Bristol e Stonehouse, ele viajou para
América no segundo semestre de 1737, permanecendo lá por cerca de um ano. As
coisas relacionadas com esta casa de órfãos, deve-se observar, ocuparam muito
da sua atenção desde este período da sua vida até a sua morte. Apesar de bem
intencionado, parece ter sido uma decisão de questionável sabedoria, e
certamente acarretou a Whitefield um mundo de ansiedade e responsabilidade até
o fim de seus dias.
Whitefield
retornou da Geórgia na segunda parte do ano de 1738, em parte para obter as
ordens do sacerdote, que lhe foram conferidas pelo seu antigo amigo, o Bispo
Benson, e em parte para tratar de negócios relacionados com a casa de órfãos.
Ele cedo descobriu, entretanto, que a sua posição não era mais a mesma de antes
de haver viajado para a Geórgia. O grosso do clero não lhe era mais favorável e
olhavam-no com suspeitas, como um entusiasta e um fanático. Eles estavam
escandalizados principalmente por causa da pregação da doutrina da regeneração
ou do novo nascimento, como algo que muitas pessoas batizadas necessitavam grandemente!
O número de púlpitos aos quais ele tinha acesso rapidamente diminuiu. Os
guardiões da igreja, os quais não tinham olhos para a bebedeira e impureza,
ficaram cheios de intensa indignação sobre o que eles chamavam de ‘violação
da ordem'. Bispos que podiam tolerar o Arminianismo, Socinianismo e
Deísmo, encheram-se de indignação contra um homem que declarava plenamente a
expiação de Cristo e a obra do Espírito Santo, e começaram a denunciá-lo
abertamente. Para abreviar, deste período da sua vida em diante, o campo de
utilidade de Whitefield dentro da Igreja da Inglaterra estreitou-se rapidamente
de todos os lados.
O
fato que neste tempo provocou uma reviravolta em todo o curso do ministério de
Whitefield foi sua adoção do sistema de pregação a céu aberto. Observando que
milhares em todo lugar não freqüentavam locais de culto, gastavam seus domingos
na ociosidade ou no pecado e não eram alcançados pelos sermões pregados dentro
das paredes dos templos, ele resolveu, num espírito de ofensiva santa, ir atrás
deles ‘nas ruas e becos', de acordo com o princípio de seu Mestre, e ‘compeli-los
a entrar'. A sua primeira tentativa em fazer isso foi entre os mineiros de
carvão em Kingswood, perto de Bristol, em fevereiro de 1739. Depois de muita
oração, ele foi um dia para o monte Hannam, colocou-se de pé sobre o monte, e
começou a pregar a aproximadamente uma centena de mineiros, baseado em Mateus
5:1-3 . Logo a coisa tornou-se conhecida. O número de ouvintes
rapidamente aumentou, até que a congregação contava com muitos milhares. Seu
próprio relato da conduta destes mineiros de carvão negligenciados, os quais
nunca haviam estado em uma igreja nas suas vidas, é profundamente comovente: ‘Não
tendo', escreve ele a um amigo,‘nenhuma justiça própria para renunciar,
eles ficavam felizes ao ouvir de um Jesus, o qual era um amigo de publicanos, e
que não veio chamar os justos, mas pecadores ao arrependimento. A primeira vez
que descobri que estavam sendo afetados foi através da visão dos sulcos brancos
feitos por suas lágrimas, que rolavam abundantemente das suas faces negras,
visto que haviam saído das suas minas de carvão. Centenas deles foram logo
levados a uma profunda convicção, a qual, foi comprovado, terminou felizmente
em uma sadia e total conversão. A mudança era visível a todos, apesar de alguns
terem escolhido atribuí-la a qualquer outra coisa que não ao dedo de Deus.
Visto que a cena era totalmente nova, ela freqüentemente ocasionava muitos
conflitos interiores. Às vezes, quando vinte mil pessoas estavam diante de mim,
eu não tinha uma só palavra para dizer, quer a Deus ou a eles. Mas eu nunca fui
totalmente desamparado, e freqüentemente (porque negar isto seria mentir contra
Deus) fui de tal modo assistido, que vim a saber, por uma feliz experiência, o
que o nosso Senhor tencionava ao dizer ‘do seu interior fluirão rios de água
viva'. O firmamento aberto sobre mim, a vista dos campos adjacentes, com a
visão de milhares, alguns em carroças, outros sobre o dorso de cavalos, e
alguns nas árvores, e às vezes, todos comovidos e em lágrimas, era quase que
demais para mim e dominava-me totalmente.'
Dois
meses depois disto Whitefield iniciou a prática de pregação a céu aberto em
Londres, no dia 27 de abril de 1739. As circunstâncias nas quais isto aconteceu
foram curiosas. Ele havia ido para Islington para pregar a convite do vigário,
seu amigo, Sr. Stonehouse. No meio da oração os guardiões da igreja vieram a
ele e pediram sua licença para pregar na diocese de Londres. E claro que
Whitefield não tinha esta licença, assim como nenhum outro ministro que não
oficiava regularmente na diocese, naqueles dias. O resultado da questão foi
que, sendo proibido de pregar pelos guardiões da igreja no púlpito, ele foi
para fora depois da comunhão e pregou no cemitério da igreja. ‘E', diz
ele, ‘Deus agradou-se em assistir-me na pregação e a comover tão
maravilhosamente os ouvintes, que acredito que poderíamos ter ido para a prisão
cantando hinos. Não digam os adversários que eu mesmo me retirei das suas
sinagogas. Não! Eles me expulsaram.' Daquele dia em diante ele tomou-se um
constante pregador do campo quando quer que o tempo e a estação do ano o
fizesse possível. Dois dias depois, no domingo de 29 de abril, ele registra: ‘Eu
preguei em Moorfields a uma multidão extremamente grande. Tendo ficado
debilitado pelo meu sermão da manhã, eu descansei de tarde dormindo um pouco, e
às cinco horas fui e preguei em Kenninngton Common, à cerca de duas milhas de
Londres, quando não menos do que trinta mil pessoas foram estimadas estar
presentes'. Daí em diante, aonde quer que houvesse amplos espaços abertos
ao redor de Londres, aonde quer que houvesse grandes grupos de ociosos, ímpios,
profanadores do domingo reunidos, em Hackney Fields, Mary-le-bone Fields,
May-Fair, Smithfields, Blackheath, Moorfields, Kenninngton Conmion, lá estava
Whitefield levantando sua voz por Cristo. O Evangelho assim proclamado era
ouvido e alegremente recebido por centenas que nunca sonharam em ir a um lugar
de adoração. A causa da pura religião avançou e almas foram arrancadas das mãos
de Satanás, como brasas do fogo. Mas a coisa estava indo rápido demais para a
igreja daqueles dias. O clero, com poucas exceções, recusava inteiramente
apoiar este estranho pregador. Com um espírito de verdadeira inveja, eles nem
gostavam de ir atrás das massas da população semi-pagã, nem queriam que ninguém
fosse fazer o trabalho para eles. A conseqüência foi que as pregações de
Whitefield nos púlpitos da Igreja da Inglaterra a partir deste tempo cessaram
quase que inteiramente. Ele amava a igreja na qual havia sido ordenado; ele
gloriava-se nos seus artigos de fé; ele usava com prazer os seus livros de
oração. Mas a igreja não o amava, e assim perdeu o uso dos seus serviços. A
pura verdade é, que a igreja da Inglaterra daqueles dias não estava pronta para
um homem como Whitefield. A igreja estava sonolenta demais para entendê-lo e
incomodada com um homem que não se aquietava nem deixava o diabo em paz.
Os
acontecimentos da história de Whitefield a partir deste período até o dia da
sua morte são quase que inteiramente da mesma compleição. Um ano era exatamente
como o outro e tentar segui-lo seria apenas pisar repetidamente sobre o mesmo
solo. De 1739 até o ano da sua morte em 1770, um período de 31 anos, sua vida
foi de uma desenvoltura uniforme. Ele foi eminentemente um homem de uma só
coisa, que era o cuidado dos negócios de seu Mestre. De domingo de manhã aos
sábados à noite, de primeiro de janeiro a 31 de dezembro, excetuando-se quando
ficava impossibilitado por doença, ele estava quase que incessantemente
pregando a Cristo, e indo ao redor do mundo convidando os homens ao
arrependimento, a virem a Cristo e a serem salvos. Dificilmente houve uma
cidade de considerável tamanho na Inglaterra, Escócia ou País de Gales, que ele
não tenha visitado como evangelista. Quando as igrejas lhe estavam abertas, ele
pregava alegremente nas igrejas; quando apenas capelas podiam ser conseguidas,
ele pregava com alegria nas capelas. Quando igrejas e capelas estavam ambas
fechadas, ou eram demasiadamente pequenas para conter seus ouvintes, ele estava
pronto e desejoso de pregar ao ar livre. Por 31 anos ele laborou deste modo,
sempre proclamando o mesmo Evangelho glorioso, e sempre, até onde os olhos
humanos possam julgar, com imenso efeito. Numa única semana de pentecostes,
após pregar em Moorfields, ele recebeu cerca de mil cartas de pessoas
espiritualmente aflitas, e admitiu à mesa do Senhor trezentos e cinqüenta
pessoas. Nos trinta e quatro anos do seu ministério é reconhecido que ele
pregou publicamente dezoito mil vezes.
Suas
viagens foram prodigiosas, quando consideradas as ruas e meios de transportes
do seu tempo. Mais do que qualquer homem nos tempos modernos, ele estava
familiarizado com ‘perigos no deserto e perigos no mar'. Ele visitou
a Escócia quatorze vezes e em nenhum outro lugar foi mais bem aceito e útil do
que naquele país amante da Bíblia. Ele cruzou o Atlântico sete vezes, de ida e
de volta, em miseráveis e lentos barcos a vela e atraiu a atenção de milhares
em Boston, New York e Philadelphia. Ele foi à Irlanda duas vezes, e em
determinada ocasião quase foi assassinado por uma turba de papistas ignorantes
em Dublin. Na Inglaterra e no País de Gales, ele percorreu cada um de seus
condados, da Ilha de Wight até Berwick-on-Thiid, e da Land's End até North
Foreland.
O
seu trabalho ministerial regular em Londres durante a estação de inverno,
quando a pregação no campo era necessariamente suspensa, era, às vezes,
prodigioso. Seus compromissos semanais no Tabernáculo em Tottenham Court Road,
o qual foi construído por ele quando os púlpitos da igreja estabelecida foram
fechados, compreendiam os seguintes trabalhos: cada domingo de manhã ele
ministrava a Ceia do Senhor a diversas centenas de comungantes, às seis e meia.
Depois disso, ele lia orações, e pregava de manhã e de tarde. Então pregava
novamente no início da noite, às cinco e meia, e concluía dirigindo-se a um
largo grupo de viúvas, casais, homens e mulheres solteiros, todos sentados
separadamente na área do Tabernáculo, com exortações apropriadas às suas
respectivas situações. Nas manhãs de segunda, terça, quarta e quinta, ele
pregava regularmente às seis horas. Nas tardes de segunda, terça, quarta,
quinta e sábado, ele fazia palestras. Isto, pode-se observar, perfazia treze
sermões por semana. E durante todo este tempo ele mantinha uma ampla
correspondência com pessoas em quase toda parte do mundo.
Que
qualquer constituição humana pudesse suportar os labores que Whitefield
suportou durante tanto tempo, parece surpreendente. Que sua vida não tenha sido
ceifada pelos perigos aos quais estava freqüentemente exposto, não é menos
surpreendente. Mas ele foi imortal até que seu trabalho fosse realizado. Por
fim , ele morreu subitamente em Newbury Porth, na América do Norte,
num domingo, 29 de setembro de 1770, ainda relativamente novo, com 56 anos
de idade. Ele foi casado com uma viúva chamada James, de Abergavenny, a qual
morreu antes dele. Se podemos julgar pela pouca menção que ele faz da esposa em
suas cartas, o casamento não parece ter contribuído muito para sua felicidade.
Ele não deixou filhos, mas deixou um nome bem melhor preservado do que se
tivesse deixado filhos e filhas. Talvez nunca tenha havido um homem do qual se
pudesse dizer tão verdadeiramente que gastou e foi gasto por Cristo como George
Whitefield.
As
circunstâncias particulares do fim deste grande evangelista são tão
profundamente interessantes que eu não me desculparei em demorar-me neles. Foi
um fim em extraordinária harmonia com o teor da sua vida. Assim como havia
vivido por mais de trinta anos, assim ele morreu: pregando até o fim . Ele
literalmente morreu no posto. ‘Morte súbita', freqüentemente dizia, ‘é
glória súbita. Quer correto ou não, não posso deixar de desejar partir desta
maneira. Para mim seria pior do que a morte ter de ser assistido na doença e
ver os amigos chorando ao redor de mim'. Ele teve o desejo do seu coração
atendido. Foi ceifado numa noite por um acesso espasmódico de asma, quase que
antes que seus amigos viessem a saber que se encontrava doente.
Na
manhã de sábado, de 29 de setembro, o dia em cuja noite morreria, Whitefield
viajou a cavalo de Portsmouth em New Hampshire, a fim de cumprir um compromisso
de pregar em Newbury Porth no domingo. No caminho , infelizmente, ele foi
convidado insistentemente para pregar em um lugar chamado Exeter, e apesar de
se sentir muito doente, não teve coragem de recusar. Um amigo observou que
antes de iniciar a pregação, ele parecia mais indisposto do que o usual, e lhe
disse, ‘O senhor está mais habilitado para ir para cama do que para
pregar.', ao que Whitefield replicou: ‘É verdade, senhor', e
então, virando-se para o lado, apertou as mãos uma na outra e olhando para cima
disse: ‘Senhor Jesus, eu estou cansado na tua obra, mas não da tua obra.
Se ainda não terminei minha carreira, deixa-me ir e pregar uma vez mais nos
campos, selar a tua verdade, vir para casa e morrer'. Então ele foi e
pregou a uma enorme multidão nos campos, baseado em II Coríntios 8:5 , pelo
espaço de quase duas horas. Foi seu último sermão, e uma conclusão apropriada a
toda a sua carreira.
Uma
testemunha ocular deu o surpreendente relato da cena final da vida de
Whitefield: “Ele levantou-se de sua cadeira, e permaneceu em pé. A sua simples
aparência era um poderoso sermão. A magreza de sua face, a palidez do seu semblante,
a luta evidente do brilho celestial em um corpo decadente demais para falar,
era algo profundamente interessante; o espírito estava querendo, mas a carne
estava morrendo. Nesta situação ele permaneceu por diversos minutos, sem
conseguir falar. Então ele disse: ‘Esperarei pela graciosa assistência de
Deus, porque Ele irá, estou certo, assistir-me uma vez mais para falar em seu
nome.' Então ele pregou talvez um de seus melhores sermões. A parte final
continha as seguintes palavras: ‘Eu vou; eu vou para um descanso que me
está preparado. O meu Sol deu luz a muitos, mas agora ele está se pondo - não,
agora ele está se levantando para o zênite da glória imortal. Eu vivi mais do
que muitos na terra, mas eles não viverão mais do que eu nos céus. Muitos viverão
mais do que eu na terra, e permanecerão quando este corpo não mais existir, mas
lá, oh, pensamentos divinos!, eu estarei num mundo aonde tempo, idade, doença,
e sofrimentos são desconhecidos, o meu corpo agora falha, mas o meu espírito se
expande. Como eu desejaria viver para sempre para pregar a Cristo. Mas eu morro
para estar com Ele. Quão breve - comparativamente breve - foi
a minha vida comparada com os imensos labores os quais eu vejo diante de mim
ainda não realizados. Mas se eu partir agora, enquanto ainda tão poucos
preocupam-se com as coisas celestiais, o Deus da Paz certamente visitará
vocês'”. Depois que o sermão terminou, Whitefield jantou com um amigo,
então cavalgou para Newbury Porth, apesar de bastante fatigado. Ao chegar ali,
ele ceou cedo e retirou-se para a cama. A tradição diz que quando ele subia as
escadas com uma vela acesa nas mãos, ele não pôde resistir ao desejo de voltar
o rosto, no topo da escada, e falar aos amigos que estavam reunidos, os quais
vieram encontrá-lo. Enquanto ele falava, o fogo brilhava dentro dele, e antes
que pudesse concluir, a vela que segurava nas mãos queimou até o fim. Ele retirou-se
para o seu quarto para não mais sair de lá com vida. Um violento acesso de asma
se apoderou dele logo depois que foi para a cama e antes das seis da manhã, o
grande pregador estava morto. Quando chegou a hora, ele não tinha nada para
fazer a não ser morrer. Onde ele morreu, aí foi enterrado, em uma câmara
mortuária abaixo do púlpito da igreja, onde ele estava comprometido para
pregar. O seu sepulcro é visto até o dia de hoje e nada faz a pequena cidade
onde morreu tão famosa quanto o fato de que ali estão os ossos de George
Whitefield.
*Traduzido por Paulo R. B.
Anglada, a partir de J. C. Ryle, Christian Leaders of 18th. Century (reprint,
Edinburgh and Pennsylvania: The Banner of Truth Trust, 1978), 149-79. Revisado
por Cláudio Vilhena e Emir Bemerguy Filho.
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