É
cada vez mais comum observarmos pastoras, bispas, diaconisas. Essa é
uma situação tanto de Igrejas Pentecostais, como a Igreja do
Evangelho Quadrangular, como de Igrejas consideradas mais
tradicionais como a Igreja Presbiteriana Independente. Mas a pergunta
que fica é: a Bíblia permite que mulheres exerçam posições de
autoridade na Igreja?
Não
podemos perder de vista o princípio da criação, vemos que ainda
antes da queda Deus estabeleceu uma hierarquia entre homem e mulher,
o que frustra qualquer tentativa de relacionar a submissão feminina
a queda. Do mesmo modo vimos que esse princípio também se aplica as
famílias, a consequência lógica é que essa seja a ordem também
na Igreja.
No
Antigo testamento, apesar de haver exemplos de juízas e profetizas,
nenhuma mulher nunca foi ungida, consagrada e ordenada como
sacerdotisa. Mesmo as mulheres profetizas, ao contrário do que
acontecia com os homens profetas que iam ao povo com uma palavra da
parte de Deus, era o povo que vinha até elas (ver Juízes 4.5b1
e 2 Reis 22.142).
Outras coisas importantes a serem citadas relacionadas a única juíza
que também era profetiza Débora, é o período difícil em que ela
se levantou3,
o fato do texto não dizer que ela foi levantada como Juíza por
Deus4,
de ela julgar embaixo das palmeiras e não na cidade5,
de ela transferir a um homem a responsabilidade militar6,
e dela deixar claro a vergonha da situação em qual uma mulher teve
de tomar a liderança7.
Todos esses fatos deixam claro que esse texto não poderia ser usado
para defender que a mulher tome cargos de liderança nas Igrejas8.
Ainda
que compreendamos que a Igreja é o Israel de Deus9,
devemos olhar o que o Novo Testamento diz sobre o papel das mulheres
nas igrejas. Ainda que possamos encontrar profetisas (ver Atos 21.910
e 1 Cor 11.511)
não encontramos no Novo Testamento presbíteras, pastoras, bispas,
apóstolas. Jesus escolheu doze apóstolos, apesar de ensinar as
mulheres como o exemplo de Maria o
que mostra novamente a missão do homem como líder também na
Igreja.
Quando
vemos Paulo dar as instruções em relação aos bispos12
e diáconos: “esposo
de uma só mulher ( 1 Timóteo 3.2)”
“marido
de uma só mulher (1 Timóteo 3.12, Tito 1.6)”,
é obvio que isso significa que esses cargos deviam ser exercidos por
homens.
Um
argumento muito usado contra essa ideia é de que Paulo dá essas
instruções influenciado pela cultura da época, mas Paulo usa a
criação e não a cultura como base para argumentação:
Toda
mulher, porém, que ora ou profetiza com a cabeça sem véu desonra a
sua própria cabeça, porque é como se a tivesse rapada. Portanto,
se a mulher não usa véu, nesse caso, que rape o cabelo. Mas, se lhe
é vergonhoso o tosquiar-se ou rapar-se, cumpre-lhe usar véu.
Porque,
na verdade, o homem não deve cobrir a cabeça, por ser ele imagem e
glória de Deus, mas a mulher é glória do homem. Porque o
homem não foi feito da mulher, e sim a mulher, do homem.
Porque também o homem não foi criado por causa da mulher, e sim a
mulher, por causa do homem. (1 Coríntios 11.5-9)
A
mulher aprenda em silêncio, com toda a submissão. E não
permito que a mulher ensine, nem exerça autoridade de homem; esteja,
porém, em silêncio. Porque, primeiro, foi formado Adão, depois,
Eva. E Adão não foi iludido, mas a mulher, sendo enganada, caiu em
transgressão. Todavia, será preservada através de sua missão
de mãe, se ela permanecer em fé, e amor, e santificação, com bom
senso. (1 Timóteo 2.11-15)
Pare
entendermos 1 Coríntios, temos que compreender que o véu era visto
como uma forma de submissão, portanto deixar de usá-lo representava
rebelião contra o papel de submissão da mulher (percebam que o uso
do véu é cultural mas o princípio pelo qual ele era usado não). E
Paulo vê o fato do homem ter sido criado antes e da mulher ter sido
criada por causa do homem como base para submissão. Esse é o mesmo
argumento no qual ele proíbe que a mulher exerça a atividade de
ensino autoritário sobre o homem na carta a Timóteo, ele ainda
enfatiza o fato de Eva ter pecado primeiro, e se analisarmos a criação sabemos que esse pecado esta grandemente relacionado a uma quebra
na autoridade do homem sobre a mulher.
Recomendo-vos
a nossa irmã Febe, que é diaconisa da igreja de Cêncris,
(Romanos 16:1 versão católica)
(Romanos 16:1 versão católica)
Da
mesma sorte, quanto a mulheres, é necessário que sejam elas
respeitáveis, não maldizentes, temperantes e fiéis em tudo. (1
Timóteo 3.11)
Saudai
Andrônico e Júnias, meus parentes e companheiros de prisão, os
quais são notáveis entre os apóstolos e estavam em Cristo antes de
mim.(Romanos 16.7)
Esses
três textos acima, são usados para defender que a mulher deve
assumir a liderança das Igrejas, no primeiro texto na versão
revista e atualizada lemos “Recomendo-vos
a nossa irmã Febe, que está servindo à igreja de Cencréia,”
isso porque a palavra diaconisa pode significar simplesmente serva o
que é o mais consistente com tudo que já observamos. Mesmo Benjamim
Warfield que defendia que as mulheres poderiam ser diaconisas disse:
“Esse
[Romanos 16.1] é sem dúvida um fundamento limitado para não dizer
precário, para se construir uma estrutura eclesiástica sobre ele...
Febe poderia, de modo concebível ter sido apenas uma serva da Igreja
em Cencréia”13
No segundo texto, fica claro que o texto se refere não a diaconisas
mas a mulheres dos diáconos, citando novamente Warfield “Não
podemos crer que o apóstolo pretendia falar de diaconisas, no meio
dos requisitos para diáconos, em 1 Timóteo 3.11, visto que
requer-se-ia que assumíssemos nessa passagem uma dupla transição
súbita de um assunto para o outro, da espécie mais grosseira e
inacreditável”14.
No último texto, não é possível a partir do versículo nem
afirmar que Júnias era uma mulher, nem que esse (sendo homem ou
mulher) era um apóstolo, como tal entendimento (de Júnias como
apóstola) iria contra tudo que já aprendemos, obviamente esse não
é o ensinamento do versículo.
Ficando
comprovado que o homem deve exercer os papéis de liderança
eclesiástica, é importante meditarmos um pouco sobre as
características desse líder.
Tem
cuidado de ti mesmo e da doutrina. (1 Timóteo 4.16)
Percebemos
duas coisas fundamentais para um líder cristão, o autocontrole e a
doutrina. Veremos mais para frente que o autocontrole esta altamente
ligado a outras características, antes de liderar os outros o homem
deve liderar a si mesmo. Outro ponto fundamental é a doutrina.
Certamente estão corretos aqueles que dizem que a doutrina divide,
mas se manter na “doutrina
dos apóstolos (Atos
2.42)” que
foi mantida na revelação do Novo Testamento é fundamental, isso
irá sempre afastar aqueles que não têm compromisso com a Palavra
de Deus, e esse é um dos modos de manter as ovelhas e afastar os
bodes.15
É
necessário, portanto, que o bispo seja irrepreensível,
esposo de uma só mulher, temperante, sóbrio, modesto, hospitaleiro,
apto para ensinar; não dado ao vinho, não violento, porém cordato,
inimigo de contendas, não avarento; e que governe bem a própria
casa, criando os filhos sob disciplina, com todo o respeito (pois, se
alguém não sabe governar a própria casa, como cuidará da igreja
de Deus?); não seja neófito, para não suceder que se ensoberbeça
e incorra na condenação do diabo. Pelo
contrário, é necessário que ele tenha bom testemunho dos de fora,
a fim de não cair no opróbrio e no laço do diabo.
Semelhantemente,
quanto a diáconos, é necessário que sejam respeitáveis, de uma só
palavra, não inclinados a muito vinho, não cobiçosos de sórdida
ganância, conservando o mistério da fé com a consciência limpa.
Também sejam estes primeiramente experimentados; e, se se mostrarem
irrepreensíveis, exerçam o diaconato. Da mesma sorte, quanto a
mulheres, é necessário que sejam elas respeitáveis, não
maldizentes, temperantes e fiéis em tudo. O diácono seja marido de
uma só mulher e governe bem seus filhos e a própria casa. (1
Timóteo 3.2-12)
No
texto de 1 Timóteo 3 juntando as características necessárias tanto
ao bispo quanto ao diácono, excluindo aquelas que mesmo com termos
diferentes se repetem chegamos as qualidades abaixo:
Irrepreensível
esposo
de uma só mulher,
temperante
sóbrio,
modesto,
hospitaleiro,
apto
para ensinar;
governe
bem a própria casa,
não
dado ao vinho,
não
violento,
cordato,
inimigo
de contendas,
não
avarento;
não
seja neófito,
bom
testemunho dos de fora,
respeitáveis,
de
uma só palavra,
consciência
limpa,
com
mulheres respeitáveis, não maldizentes, temperantes e fiéis em
tudo
|
É
importante perceber que boa parte dessas características se referem
ao homem ter controle sobre si mesmo. É importante ver que além do
homem saber governar a si mesmo, antes de governar a Igreja o homem
deve governar sua família, sendo importante inclusive que sua esposa
tenha algumas características, sendo a mulher auxiliadora do homem
certamente um bom líder necessita de uma mulher piedosa para
desempenhar bem a liderança. Também é interessante ver que o líder
tem que ser “apto
para ensinar”,
e essencial para isso ele ser um “obreiro
que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da
verdade. (2 Timóteo 2.15)”
Por
isso é essencial o conhecimento da Palavra para qualquer homem ser
um líder na Igreja, e por meio dela que o Povo de Deus é
pastoreado, pois Cristo, o Bom Pastor, nos ensina que “As
minhas ovelhas ouvem a minha voz (João 10.27)”
Ainda
que pareça aos olhos do mundo, moderno e legal mulheres serem
ordenadas nas Igrejas, isso é um claro desrespeito a Palavra de
Deus. Sabemos que mesmo em Igrejas nas quais os homens exercem a função de
diácono e presbítero, em muitos casos a falta de conhecimento
desses faz com que na prática as mulheres deles acabem tomando o
governo das Igrejas. Devemos pedir a Deus que os homens possam ser
obreiros que manejam bem a palavra da verdade, e se empenhem em estudá-las.
2
Então,
o sacerdote Hilquias, Aicão, Acbor, Safã e Asaías foram ter com a
profetisa Hulda, mulher de Salum, o guarda-roupa, filho de Ticva,
filho de Harás, e lhe falaram. Ela habitava na cidade baixa de
Jerusalém.
4
Certamente Deus como soberano levantou Débora como juíza, mas
entre os 6 grandes reis do livro de Juízes apenas sobre ela isso
não é mencionado.
5
Juízes
e oficiais constituirás em todas as tuas cidades que o SENHOR, teu
Deus, te der entre as tuas tribos, para que julguem o povo com reto
juízo. (deuteronômio 16.18)
6
Mandou
ela chamar a Baraque, filho de Abinoão, de Quedes de Naftali, e
disse-lhe: Porventura, o SENHOR, Deus de Israel, não deu ordem,
dizendo: Vai, e leva gente ao monte Tabor, e toma contigo dez mil
homens dos filhos de Naftali e dos filhos de Zebulom?(Juízes 4.6)
7
Ela
respondeu: Certamente, irei contigo, porém não será tua a honra
da investida que empreendes; pois às mãos de uma mulher o SENHOR
entregará a Sísera. E saiu Débora e se foi com Baraque para
Quedes.
8
Um texto muito útil ao falar sobre Débora, o qual usei como base
aqui se encontra nessa página:
http://www.monergismo.net.br/textos/apologetica/Debora-Baraque_Bouwman.pdf
9
E,
a todos quantos andarem de conformidade com esta regra, paz e
misericórdia sejam sobre eles e sobre o Israel de Deus.
11
Toda
mulher, porém, que ora ou profetiza com a cabeça sem véu desonra
a sua própria cabeça, porque é como se a tivesse rapada.
12
Muitos comentaristas creem que os termos bispo, presbítero e pastor
tem o mesmo significado.
14
Ibid.
15
Cristo nos ensina que as ovelhas deles ouvem sua voz (João 10.27),
quem se rebela contra a voz d’Ele que é a Palavra certamente não
é sua ovelha.
P.S: Sei que esse texto pode ser mal interpretado, a ideia é uma crítica maior ao homem por fugir do seu papel do que uma crítica as mulheres. A mulher tem capacidade para liderar e esse não é o ponto aqui. Ambos foram criados a Imagem e semelhança de Deus, porém a Bíblia defende papéis diferentes que se complementam e nenhum papel é superior ao outro.
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