sábado, 23 de abril de 2016

O Homem como líder na Igreja


É cada vez mais comum observarmos pastoras, bispas, diaconisas. Essa é uma situação tanto de Igrejas Pentecostais, como a Igreja do Evangelho Quadrangular, como de Igrejas consideradas mais tradicionais como a Igreja Presbiteriana Independente. Mas a pergunta que fica é: a Bíblia permite que mulheres exerçam posições de autoridade na Igreja?

Não podemos perder de vista o princípio da criação, vemos que ainda antes da queda Deus estabeleceu uma hierarquia entre homem e mulher, o que frustra qualquer tentativa de relacionar a submissão feminina a queda. Do mesmo modo vimos que esse princípio também se aplica as famílias, a consequência lógica é que essa seja a ordem também na Igreja.
No Antigo testamento, apesar de haver exemplos de juízas e profetizas, nenhuma mulher nunca foi ungida, consagrada e ordenada como sacerdotisa. Mesmo as mulheres profetizas, ao contrário do que acontecia com os homens profetas que iam ao povo com uma palavra da parte de Deus, era o povo que vinha até elas (ver Juízes 4.5b1 e 2 Reis 22.142). Outras coisas importantes a serem citadas relacionadas a única juíza que também era profetiza Débora, é o período difícil em que ela se levantou3, o fato do texto não dizer que ela foi levantada como Juíza por Deus4, de ela julgar embaixo das palmeiras e não na cidade5, de ela transferir a um homem a responsabilidade militar6, e dela deixar claro a vergonha da situação em qual uma mulher teve de tomar a liderança7. Todos esses fatos deixam claro que esse texto não poderia ser usado para defender que a mulher tome cargos de liderança nas Igrejas8.
Ainda que compreendamos que a Igreja é o Israel de Deus9, devemos olhar o que o Novo Testamento diz sobre o papel das mulheres nas igrejas. Ainda que possamos encontrar profetisas (ver Atos 21.910 e 1 Cor 11.511) não encontramos no Novo Testamento presbíteras, pastoras, bispas, apóstolas. Jesus escolheu doze apóstolos, apesar de ensinar as mulheres como o exemplo de Maria o que mostra novamente a missão do homem como líder também na Igreja.
Quando vemos Paulo dar as instruções em relação aos bispos12 e diáconos: esposo de uma só mulher ( 1 Timóteo 3.2)”marido de uma só mulher (1 Timóteo 3.12, Tito 1.6)”, é obvio que isso significa que esses cargos deviam ser exercidos por homens.
Um argumento muito usado contra essa ideia é de que Paulo dá essas instruções influenciado pela cultura da época, mas Paulo usa a criação e não a cultura como base para argumentação:
Toda mulher, porém, que ora ou profetiza com a cabeça sem véu desonra a sua própria cabeça, porque é como se a tivesse rapada. Portanto, se a mulher não usa véu, nesse caso, que rape o cabelo. Mas, se lhe é vergonhoso o tosquiar-se ou rapar-se, cumpre-lhe usar véu.
Porque, na verdade, o homem não deve cobrir a cabeça, por ser ele imagem e glória de Deus, mas a mulher é glória do homem.  Porque o homem não foi feito da mulher, e sim a mulher, do homem.  Porque também o homem não foi criado por causa da mulher, e sim a mulher, por causa do homem. (1 Coríntios 11.5-9)
 A mulher aprenda em silêncio, com toda a submissão.  E não permito que a mulher ensine, nem exerça autoridade de homem; esteja, porém, em silêncio. Porque, primeiro, foi formado Adão, depois, Eva. E Adão não foi iludido, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão.  Todavia, será preservada através de sua missão de mãe, se ela permanecer em fé, e amor, e santificação, com bom senso. (1 Timóteo 2.11-15)
Pare entendermos 1 Coríntios, temos que compreender que o véu era visto como uma forma de submissão, portanto deixar de usá-lo representava rebelião contra o papel de submissão da mulher (percebam que o uso do véu é cultural mas o princípio pelo qual ele era usado não). E Paulo vê o fato do homem ter sido criado antes e da mulher ter sido criada por causa do homem como base para submissão. Esse é o mesmo argumento no qual ele proíbe que a mulher exerça a atividade de ensino autoritário sobre o homem na carta a Timóteo, ele ainda enfatiza o fato de Eva ter pecado primeiro, e se analisarmos a criação sabemos que esse pecado esta grandemente relacionado a uma quebra na autoridade do homem sobre a mulher.
Recomendo-vos a nossa irmã Febe, que é diaconisa da igreja de Cêncris, 
(Romanos 16:1 versão católica)
Da mesma sorte, quanto a mulheres, é necessário que sejam elas respeitáveis, não maldizentes, temperantes e fiéis em tudo. (1 Timóteo 3.11)
Saudai Andrônico e Júnias, meus parentes e companheiros de prisão, os quais são notáveis entre os apóstolos e estavam em Cristo antes de mim.(Romanos 16.7)
Esses três textos acima, são usados para defender que a mulher deve assumir a liderança das Igrejas, no primeiro texto na versão revista e atualizada lemos “Recomendo-vos a nossa irmã Febe, que está servindo à igreja de Cencréia,” isso porque a palavra diaconisa pode significar simplesmente serva o que é o mais consistente com tudo que já observamos. Mesmo Benjamim Warfield que defendia que as mulheres poderiam ser diaconisas disse: “Esse [Romanos 16.1] é sem dúvida um fundamento limitado para não dizer precário, para se construir uma estrutura eclesiástica sobre ele... Febe poderia, de modo concebível ter sido apenas uma serva da Igreja em Cencréia”13 No segundo texto, fica claro que o texto se refere não a diaconisas mas a mulheres dos diáconos, citando novamente Warfield “Não podemos crer que o apóstolo pretendia falar de diaconisas, no meio dos requisitos para diáconos, em 1 Timóteo 3.11, visto que requer-se-ia que assumíssemos nessa passagem uma dupla transição súbita de um assunto para o outro, da espécie mais grosseira e inacreditável14. No último texto, não é possível a partir do versículo nem afirmar que Júnias era uma mulher, nem que esse (sendo homem ou mulher) era um apóstolo, como tal entendimento (de Júnias como apóstola) iria contra tudo que já aprendemos, obviamente esse não é o ensinamento do versículo.
Ficando comprovado que o homem deve exercer os papéis de liderança eclesiástica, é importante meditarmos um pouco sobre as características desse líder.
Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. (1 Timóteo 4.16)
Percebemos duas coisas fundamentais para um líder cristão, o autocontrole e a doutrina. Veremos mais para frente que o autocontrole esta altamente ligado a outras características, antes de liderar os outros o homem deve liderar a si mesmo. Outro ponto fundamental é a doutrina. Certamente estão corretos aqueles que dizem que a doutrina divide, mas se manter na doutrina dos apóstolos (Atos 2.42)” que foi mantida na revelação do Novo Testamento é fundamental, isso irá sempre afastar aqueles que não têm compromisso com a Palavra de Deus, e esse é um dos modos de manter as ovelhas e afastar os bodes.15
É necessário, portanto, que o bispo seja irrepreensível, esposo de uma só mulher, temperante, sóbrio, modesto, hospitaleiro, apto para ensinar; não dado ao vinho, não violento, porém cordato, inimigo de contendas, não avarento; e que governe bem a própria casa, criando os filhos sob disciplina, com todo o respeito (pois, se alguém não sabe governar a própria casa, como cuidará da igreja de Deus?); não seja neófito, para não suceder que se ensoberbeça e incorra na condenação do diabo. Pelo contrário, é necessário que ele tenha bom testemunho dos de fora, a fim de não cair no opróbrio e no laço do diabo.
Semelhantemente, quanto a diáconos, é necessário que sejam respeitáveis, de uma só palavra, não inclinados a muito vinho, não cobiçosos de sórdida ganância, conservando o mistério da fé com a consciência limpa. Também sejam estes primeiramente experimentados; e, se se mostrarem irrepreensíveis, exerçam o diaconato. Da mesma sorte, quanto a mulheres, é necessário que sejam elas respeitáveis, não maldizentes, temperantes e fiéis em tudo. O diácono seja marido de uma só mulher e governe bem seus filhos e a própria casa. (1 Timóteo 3.2-12)
No texto de 1 Timóteo 3 juntando as características necessárias tanto ao bispo quanto ao diácono, excluindo aquelas que mesmo com termos diferentes se repetem chegamos as qualidades abaixo:
Irrepreensível
esposo de uma só mulher,
temperante
sóbrio,
modesto,
hospitaleiro,
apto para ensinar;
governe bem a própria casa,
não dado ao vinho,
não violento,
cordato,
inimigo de contendas,
não avarento;
não seja neófito,
bom testemunho dos de fora,
respeitáveis,
de uma só palavra,
consciência limpa,
com mulheres respeitáveis, não maldizentes, temperantes e fiéis em tudo
É importante perceber que boa parte dessas características se referem ao homem ter controle sobre si mesmo. É importante ver que além do homem saber governar a si mesmo, antes de governar a Igreja o homem deve governar sua família, sendo importante inclusive que sua esposa tenha algumas características, sendo a mulher auxiliadora do homem certamente um bom líder necessita de uma mulher piedosa para desempenhar bem a liderança. Também é interessante ver que o líder tem que ser “apto para ensinar”, e essencial para isso ele ser um “obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade. (2 Timóteo 2.15)”
Por isso é essencial o conhecimento da Palavra para qualquer homem ser um líder na Igreja, e por meio dela que o Povo de Deus é pastoreado, pois Cristo, o Bom Pastor, nos ensina que As minhas ovelhas ouvem a minha voz (João 10.27)”
Ainda que pareça aos olhos do mundo, moderno e legal mulheres serem ordenadas nas Igrejas, isso é um claro desrespeito a Palavra de Deus. Sabemos que mesmo em Igrejas nas quais os homens exercem a função de diácono e presbítero, em muitos casos a falta de conhecimento desses faz com que na prática as mulheres deles acabem tomando o governo das Igrejas. Devemos pedir a Deus que os homens possam ser obreiros que manejam bem a palavra da verdade, e se empenhem em estudá-las.

1  e os filhos de Israel subiam a ela a juízo.
2  Então, o sacerdote Hilquias, Aicão, Acbor, Safã e Asaías foram ter com a profetisa Hulda, mulher de Salum, o guarda-roupa, filho de Ticva, filho de Harás, e lhe falaram. Ela habitava na cidade baixa de Jerusalém.
3 Naqueles dias, não havia rei em Israel; cada um fazia o que achava mais reto. (Juízes 21.25)
4 Certamente Deus como soberano levantou Débora como juíza, mas entre os 6 grandes reis do livro de Juízes apenas sobre ela isso não é mencionado.
5 Juízes e oficiais constituirás em todas as tuas cidades que o SENHOR, teu Deus, te der entre as tuas tribos, para que julguem o povo com reto juízo. (deuteronômio 16.18)
6 Mandou ela chamar a Baraque, filho de Abinoão, de Quedes de Naftali, e disse-lhe: Porventura, o SENHOR, Deus de Israel, não deu ordem, dizendo: Vai, e leva gente ao monte Tabor, e toma contigo dez mil homens dos filhos de Naftali e dos filhos de Zebulom?(Juízes 4.6)
7 Ela respondeu: Certamente, irei contigo, porém não será tua a honra da investida que empreendes; pois às mãos de uma mulher o SENHOR entregará a Sísera. E saiu Débora e se foi com Baraque para Quedes.
8 Um texto muito útil ao falar sobre Débora, o qual usei como base aqui se encontra nessa página: http://www.monergismo.net.br/textos/apologetica/Debora-Baraque_Bouwman.pdf
9 E, a todos quantos andarem de conformidade com esta regra, paz e misericórdia sejam sobre eles e sobre o Israel de Deus.
10 Tinha este quatro filhas donzelas, que profetizavam.
11 Toda mulher, porém, que ora ou profetiza com a cabeça sem véu desonra a sua própria cabeça, porque é como se a tivesse rapada.
12 Muitos comentaristas creem que os termos bispo, presbítero e pastor tem o mesmo significado.
14 Ibid.
15 Cristo nos ensina que as ovelhas deles ouvem sua voz (João 10.27), quem se rebela contra a voz d’Ele que é a Palavra certamente não é sua ovelha.

P.S: Sei que esse texto pode ser mal interpretado, a ideia é uma crítica maior ao homem por fugir do seu papel do que uma crítica as mulheres. A mulher tem capacidade para liderar e esse não é o ponto aqui.  Ambos foram criados a Imagem e semelhança de Deus, porém a Bíblia defende papéis diferentes que se complementam e nenhum papel é superior ao outro.

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