sábado, 23 de abril de 2016

O Homem como líder na família


Se estudarmos a fundo o episódio da criação do homem vemos uma posição de autoridade que se manterá nas diferentes esferas como na família e na Igreja. Além disso, o relato da criação também nos mostra a instituição do casamento e, portanto também da família, e nela ao homem foi dada a posição de liderança.

Esse padrão será mantido nas demais famílias. Passeando ainda no livro de Gênesis ficará claro que a liderança das diferentes famílias era masculina. Isso fica claro nas histórias de Noé, Abraão, Isaque, Jacó. Essa mesma estrutura será mantida em todo o Antigo Testamento. No novo testamento, os apóstolos exortam os homens a assumirem essa posição de liderança na família. Ao aconselharem as mulheres a serem submissas aos maridos (Efésios 5.22, 241,Colossenses 3.182, 1 Pedro 3.1, 53) fica bastante claro que o homem deve assumir uma posição de liderança.
Algumas objeções são levantadas ao texto de Efésios 5.22, já que no versículo 21 Paulo diz: “sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo.” Com base nisso há aqueles que argumentam que tanto homem quanto mulher devem ser submissos um ao outro. Mas o fato é que depois de falar sobre a autoridade dos homens em relação as mulheres, Paulo fala sobre a autoridade dos pais sobre os filhos e dos senhores sobre os servos, se interpretarmos desse modo o texto diríamos também que os pais devem se submeter aos filhos e os senhores aos servos.
Também há aqueles que dizem que submissão envolve somente respeito e não obediência, mas o texto de Efésios diz: “Como, porém, a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo submissas ao seu marido.” Agora eu pergunto: a submissão da Igreja a Cristo envolve ou não obediência?
Todavia há um texto que deixa ainda mais claro que submissão envolve obediência, o qual nem necessita de explicação adicional:
Mulheres, sede vós, igualmente, submissas a vosso próprio marido, para que, se ele ainda não obedece à palavra, seja ganho, sem palavra alguma, por meio do procedimento de sua esposa,   ao observar o vosso honesto comportamento cheio de temor.
Não seja o adorno da esposa o que é exterior, como frisado de cabelos, adereços de ouro, aparato de vestuário; seja, porém, o homem interior do coração, unido ao incorruptível trajo de um espírito manso e tranquilo, que é de grande valor diante de Deus. Pois foi assim também que a si mesmas se ataviaram, outrora, as santas mulheres que esperavam em Deus, estando submissas a seu próprio marido, como fazia Sara, que obedeceu a Abraão, chamando-lhe senhor, da qual vós vos tornastes filhas, praticando o bem e não temendo perturbação alguma. (1 Pedro 3.1-6 ênfase minha)
Um dos textos mais comumente usado contra a submissão feminina é esse:
Dessarte, não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus. (Gálatas 3.28)
Paulo fala nesse texto sobre a salvação pela fé em Cristo Jesus, que inclui tanto homens quanto mulheres, pois ambos são em essência iguais, criados a Imagem e Semelhança de Deus, nada nesse texto contradiz o que já dissemos sobre a submissão feminina.
Após provarmos que a Bíblia coloca o homem como líder na família, agora resta nos saber como o homem exerce a liderança na família.
Vemos em 1 Timóteo 3, que tanto aos bispos quanto aos diáconos é exigido que eles “governem bem seus filhos e a própria casa”. No versículo 4 de 1 Timóteo 3 temos uma pista de um modo como qual ele deve governar os filhos “criando os filhos sob disciplina”.
Portanto, um modo dos homens exercerem a liderança em suas famílias é disciplinando seus filhos. Vemos, também a partir da Bíblia que essa disciplina dos filhos envolve castigo físico4:
O que retém a vara aborrece a seu filho, mas o que o ama, cedo, o disciplina (Provérbios 13.24);
A estultícia está ligada ao coração da criança, mas a vara da disciplina a afastará dela. (Provérbios 22.15);
Não retires da criança a disciplina, pois, se a fustigares com a vara, não morrerá. (Provérbios 23.13);
 A vara e a disciplina dão sabedoria, mas a criança entregue a si mesma vem a envergonhar a sua mãe. (Provérbios 29.15);
E vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor. (Efésios 6.4);
Certamente, também cabe a mulher a disciplina dos filhos, porém como cabe ao homem a liderança, falhas em disciplinar os filhos demonstram que o homem perdeu a liderança sobre os seus filhos e então perdeu o governo de sua própria casa. Um argumento, usado por alguns pais para não disciplinar os filhos é que eles o amam. Mas como vemos em provérbios 13.24, quem ama o filho o disciplina, e quem o aborrece, ou para falar de um modo mais direto quem odeia o seu filho é que o deixa de disciplinar.
Pode parecer estranho o verdadeiro amor envolver disciplina, mas vamos por um momento pensar no verdadeiro “porquê” de um pai não disciplinar o seu filho. Assim como nós, podemos não compreender direito a Disciplina de Deus sobre nossas vidas, e momentaneamente nos afastarmos d’Ele (veja Hebreus 12.115), do mesmo modo quando disciplinados os filhos tendem a querer se afastar do Pai. Normalmente as crianças preferem aquele que não o disciplina (em alguns casos o pai, em outros a mãe, em muitos casos os avôs). Isso significa que a falta de disciplina demonstra uma tentativa de prender a atenção de nossos filhos, sem se importar o quanto o comportamento inadequado dele pode prejudica-lo no futuro, uma atitude na qual se considera ter a atenção do filho, que se bem educado entenderá o valor da disciplina no futuro, mais importante que a adequada educação dele. Deixar de disciplinar é claramente um ato de orgulho e de desprezo pelo filho.
Porém o papel dos pais em relação aos filhos não envolve somente a disciplina. Quando disciplinamos os filhos, estamos demonstrando que algumas atitudes deles estão erradas, porém o melhor modo de evitar o erro é ensinar o certo. Um texto que nos ensina isso é:
Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR. Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força.
Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te. Também as atarás como sinal na tua mão, e te serão por frontal entre os olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas. (Deuteronômio 6.4-9).
Vemos no livro de Juízes que uma geração inteira se desviou por Israel ter falhado no ensino: “Faleceu Josué, filho de Num, servo do SENHOR, com a idade de cento e dez anos; sepultaram-no no limite da sua herança, em Timnate-Heres, na região montanhosa de Efraim, ao norte do monte Gaás. Foi também congregada a seus pais toda aquela geração; e outra geração após eles se levantou, que não conhecia o SENHOR, nem tampouco as obras que fizera a Israel. Então, fizeram os filhos de Israel o que era mau perante o SENHOR; pois serviram aos baalins.(Juízes 2.8-11 ênfase minha)”. É importante notarmos isso, pois o que notamos no livro de Juízes é um período no qual faltavam líderes no povo de Israel, e por isso foi um período em que “cada um fazia o que achava mais reto.(Juízes 21.25)”.
Também é papel do homem interceder pelos seus filhos:
Decorrido o turno de dias de seus banquetes, chamava Jó a seus filhos e os santificava; levantava-se de madrugada e oferecia holocaustos segundo o número de todos eles, pois dizia: Talvez tenham pecado os meus filhos e blasfemado contra Deus em seu coração (Jó 1.5).
Percebemos que Jó agia como sacerdote de sua família, ele fazia isso quando sacrificava pelos seus filhos. Interceder também é um ato de um sacerdote, portanto cabe ao homem além de disciplinar e ensinar seus filhos, também como sacerdote do lar orar continuamente por eles.
Além de todas essas características, cabe ao homem também agir com compaixão em relação aos seus filhos. Certamente isso de modo algum implica que o homem não deva disciplinar os seus filhos, mas ele não deve esquecer que mesmo durante a disciplina, ele deve agir com compaixão.
Como um pai tem compaixão de seus filhos, assim o Senhor tem compaixão dos que o temem. (Salmo 103.13).
Existem alguma obrigações que o homem tem tanto em relação a mulher como em relação aos filhos, há algo que Cristo nos diz que nos ensina sobre isso:
Mas considerai isto: se o pai de família soubesse a que hora viria o ladrão, vigiaria e não deixaria que fosse arrombada a sua casa. (Mateus 24.43).
A proteção da família6 e da casa é uma função importante de um pai de família, que implica que ele deve ter cuidado tanto na proteção física da esposa como dos filhos.
O homem também possui algumas obrigações em relação a sua mulher, uma delas que já vimos (Mateus 24.43) é da proteção física, mas também tem obrigação da proteção espiritual. Um modo de proteger a mulher espiritualmente é ensinando a ela a Palavra de Deus, vimos no capítulo anterior que a ordem de não comer o fruto foi dada somente a Adão, cabendo a ele ensinar Eva, e ele teve que responder primeiro mesmo Eva tendo falhado antes, tudo isso indica a obrigação do homem ensinar a palavra de Deus a sua esposa. Outros dois textos nos ensinam isso:
Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito. (Efésios 5.25-27)
Indo eles de caminho, entrou Jesus num povoado. E certa mulher, chamada Marta, hospedou-o na sua casa.   Tinha ela uma irmã, chamada Maria, e esta quedava-se assentada aos pés do Senhor a ouvir-lhe os ensinamentos. Marta agitava-se de um lado para outro, ocupada em muitos serviços. Então, se aproximou de Jesus e disse: Senhor, não te importas de que minha irmã tenha deixado que eu fique a servir sozinha? Ordena-lhe, pois, que venha ajudar-me.  Respondeu-lhe o Senhor: Marta! Marta! Andas inquieta e te preocupas com muitas coisas. Entretanto, pouco é necessário ou mesmo uma só coisa; Maria, pois, escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada. (Lucas 10.38-42)
Considerando a relação de Cristo com a Igreja, como base do relacionamento entre o marido e a esposa, compreendemos com base em efésios que o marido tem responsabilidade na santificação da esposa. A santificação ocorre por ação do Espírito (ver Romanos 8.11-137), mas pela Palavra de Deus (ver João 17.178), portanto tudo isso nos mostra que cabe ao homem ensinar a sua mulher a Palavra de Deus, o texto de Lucas nos mostra um exemplo, e é interessante porque se olharmos para o que Marta fazia, que eram os deveres da casa percebemos9 que isso era menos importante do que a mulher aprender a Palavra de Deus. Cabe então, aos homens seguir o exemplo do Nosso Mestre e ensinar cada um sua esposa10 a Palavra de Deus.
Outro dever do homem para com sua esposa é o de amá-la, para compreender como fazer isso voltamos novamente a Efésios:
Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito. Assim também os maridos devem amar a sua mulher como ao próprio corpo. Quem ama a esposa a si mesmo se ama. Porque ninguém jamais odiou a própria carne; antes, a alimenta e dela cuida, como também Cristo o faz com a igreja; porque somos membros do seu corpo. (Efésios 5.25-30)
Com esse texto vemos dois exemplos de como o marido deve amar a esposa. O primeiro é como Cristo amou a igreja, e isso implica até morrer pela mulher se isso for necessário. Além disso, deve amar a mulher como parte do seu próprio corpo. No casamento os dois se tornam um, portanto após o casamento a mulher é parte do marido e maltratá-la implica de certo modo tratar mal a si mesmo.
Assim como a mentalidade de muitas feministas, que pensam que a mulher é inferior se tiver uma função diferente sem ser de liderança, pode o homem ao exercer o papel de líder pensar que sua esposa é inferior a ele. Creio importante lembrarmo-nos do que Pedro fala para evitar esse tipo de tratamento.
Maridos, vós, igualmente, vivei a vida comum do lar, com discernimento; e, tendo consideração para com a vossa mulher como parte mais frágil, tratai-a com dignidade, porque sois, juntamente, herdeiros da mesma graça de vida, para que não se interrompam as vossas orações.(1 Pedro 3.7)
O Homem deve lembrar que a mulher é herdeira juntamente com ele da mesma graça. Pode ofender algumas mulheres essas serem consideradas a parte mais frágil, porém isso implica ainda mais no senso de proteção e cuidado que os homens devem ter em relação as mulheres.
Também é importante considerarmos mais um texto:
O marido conceda à esposa o que lhe é devido, e também, semelhantemente, a esposa, ao seu marido. A mulher não tem poder sobre o seu próprio corpo, e sim o marido; e também, semelhantemente, o marido não tem poder sobre o seu próprio corpo, e sim a mulher. Não vos priveis um ao outro, salvo talvez por mútuo consentimento, por algum tempo, para vos dedicardes à oração e, novamente, vos ajuntardes, para que Satanás não vos tente por causa da incontinência. (1 Coríntios 7.3-5)”
Esse texto nos ensina que o homem tem o dever de ter relações sexuais com sua esposa, e somente com ela (ver Exodo 20.14 e 1711) podendo deixar de fazer isso, por pouco tempo somente para se dedicar a oração, o que seria uma espécie de jejum, que só faz sentido se for com o propósito de orar.
Nesse capítulo mostramos a necessidade do homem de ser líder na família. O papel que ele tem na disciplina, na educação e proteção dos filhos, no ensino, proteção e amor por sua esposa. Como sacerdote do lar, o homem responde por toda sua família, isso nos mostra quanta responsabilidade tem o homem no papel de cabeça da casa.



1 As mulheres sejam submissas ao seu próprio marido, como ao Senhor;...
...Como, porém, a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo submissas ao seu marido.
2 Esposas, sede submissas ao próprio marido, como convém no Senhor.
3 Mulheres, sede vós, igualmente, submissas a vosso próprio marido, para que, se ele ainda não obedece à palavra, seja ganho, sem palavra alguma, por meio do procedimento de sua esposa,...
...Pois foi assim também que a si mesmas se ataviaram, outrora, as santas mulheres que esperavam em Deus, estando submissas a seu próprio marido,
4 Óbviamente não estou defendendo que se espanque uma criança, mas a Bíblia é clara em recomendar o uso da vara na disciplina.
5 Toda disciplina, com efeito, no momento não parece ser motivo de alegria, mas de tristeza; ao depois, entretanto, produz fruto pacífico aos que têm sido por ela exercitados, fruto de justiça.
6 Como a Bíblia ensina as mulheres serem “boas donas de casa” 9Tito 2.5, cabe ao homem principalmente o sustento de sua família, sendo essa também uma forma de proteção.
7 Se habita em vós o Espírito daquele que ressuscitou a Jesus dentre os mortos, esse mesmo que ressuscitou a Cristo Jesus dentre os mortos vivificará também o vosso corpo mortal, por meio do seu Espírito, que em vós habita. Assim, pois, irmãos, somos devedores, não à carne como se constrangidos a viver segundo a carne.  Porque, se viverdes segundo a carne, caminhais para a morte; mas, se, pelo Espírito, mortificardes os feitos do corpo, certamente, vivereis. (Romanos 8.11-13)
8 Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade.

9 De modo algum isso significa que as atividades da casa não são importantes, mas nesse livro estamos focando no homem, e um homem não trata adequadamente sua esposa se acha que ele fazer os serviços da casa é mais importante que ele ensiná-la a Palavra.
10 O exemplo de Cristo, no sentido d’Ele como Noivo da Igreja. A atitude dele com Maria mostra um modo de fazer isso.

11 Não adulterarás... Não cobiçarás a mulher do teu próximo.

P.S: Sei que esse texto pode ser mal interpretado, a ideia é uma crítica maior ao homem por fugir do seu papel do que uma crítica as mulheres. A mulher tem capacidade para liderar e esse não é o ponto aqui.  Ambos foram criados a Imagem e semelhança de Deus, porém a Bíblia defende papéis diferentes que se complementam e nenhum papel é superior ao outro.

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