O objetivo desse post é
falar sobre escatologia, porém deve se enfatizar que o dispensacionalismo não é
uma forma de interpretação bíblica que se relaciona apenas a escatologia. Para
quem quiser saber mais sobre esse assunto recomendo que pesquisem nos links
citados nas notas de rodapé.
Dispensacionalismo é um
sistema de interpretação bíblica e teológica que divide a ação de Deus na
história em diferentes períodos que são por ele administrados em bases
diferentes[1].Esses
diferentes períodos são chamados de dispensação, que Segundo Scofield "é
um período de tempo durante o qual o homem é provado quanto à obediência a
alguma revelação específica da vontade de Deus”[2].A idéia
básica, nesse caso, é que Deus tem tentado vários métodos que não têm sido bem
sucedidos. Cada método, ou dispensação, teria sido abandonado totalmente, antes
do método seguinte ser experimentado, de tal modo que as prescrições divinas
para uma dispensação não são válidas na próxima dispensação[3]
Visão escatológica do
Pré-milenismo dispensacionalista*[4]
A visão que a maioria
dos evangélicos tem sobre a escatologia é a visão dispensacionalista, essa
visão é retratada na série de livros e filmes "Deixados para trás". Vamos
comentar sobre ela.
Segunda vinda - em
duas fases Cristo retorna para buscar sua igreja (arrebatamento secreto) e para
estabelecer o Milênio depois de sete anos.
Ressurreição -Três
ressurreições, crentes na segunda vinda, judeus depois dos sete anos,
incrédulos ao final do milênio.
Julgamento -
Julgamento na vinda, depois da tribulação e depois do Milênio.
Tribulação -
Igreja é arrebatada antes da tribulação.
Milênio - Milênio
futuro após a vinda de Jesus. reino milenar literal sobre as nações do mundo.
Israel e a Igreja -
Completa distinção entre Israel e a igreja. Deus tem um programa para cada um
dos grupos. Israel, a nação judaica, estará no centro do plano divino para a
humanidade. Restaurada para a terra da Palestina, Israel reconstruirá o templo
e restabelecerá os sacrifícios levíticos exigidos pela lei mosaica.
Anticristo - O
poder político internacional será exercido pelo governador satânico - o
Anticristo, também chamado "a Besta" ou "Homem da
Iniqüidade". (I João 4:3 ; Apc. 13; II Tss.2:3).
Os dispensacionalistas
também creem[5]: 1
- O cristianismo apóstata unindo o Catolicismo, a Igreja Ortodoxa, e o
Modernismo protestante; chamado a Meretriz, se aliará com o Anticristo (Ap.17)
e prosperará através da união adúltera durante um tempo.
2 - O pecado aumentará
entre os homens e chegará a uma profundidade e intensidade jamais vistas a não
ser talvez na época do Dilúvio.
3 - A ira de Deus será
derramada sobre a terra numa série de julgamentos cataclísmicos.
4 - Quando a Besta
(Anticristo) romper com a nação israelita, provocará uma crise internacional
que atingirá seu auge na guerra do Armagedon. Tudo culminará no fim dos
sete anos da tribulação com a vinda de Jesus Cristo com seus santos (a
parousia). Após a parousia, o reino do Anticristo será destruído e Cristo
passará a reinar sobre a terra. Assim se cumprirão literalmente as profecias do
Antigo Testamento que preveem um reino messiânico na terra. Passados os mil
anos previstos em Apocalipse 20, Satanás será solto da sua prisão, encabeçará
uma revolta breve pelos moradores não regenerados do mundo, mas ela será
esmagada. Sucederá então o último julgamento do Trono Branco (Ap.20:11-15). Os
mortos não convertidos serão ressuscitados para serem julgados segundo suas
obras. Os santos, judeus e gentios, gozarão a vida perfeita na nova terra
eternamente.
Erros do
dispensacionalismo
Poderíamos discutir
sobre todos os pontos destacados anteriormente, mas vamos destacar apenas
alguns pontos.
1- O Dispensacionalismo
é uma forma de interpretação bíblica muito mais nova que as outras visões, que
inciou-se no século XIX e se popularizou no século XX pela bíblia de estudos
Scofield. Não podemos dizer que tudo que é novo deve ser descartado, mas devemos
desconfiar de algo que contradiga tudo que grandes teólogos estudaram por mais
de 1800 anos. Como diz Spurgeon "Nada há de novo na teologia. Exceto o que
é errado".
2- O dispensacionalismo
separa Israel e a Igreja. Em Romanos 2.28-29 vemos "Porque não é judeu quem o é apenas exteriormente, nem é circuncisão a
que é somente na carne. Porém judeu é aquele que o é interiormente, e
circuncisão, a que é do coração, no espírito, não segundo a letra, e cujo
louvor não procede dos homens, mas de Deus." em Atos 7.38 "É este Moisés quem esteve na congregação no
deserto, com o anjo que lhe falava no monte Sinai e com os nossos pais; o qual
recebeu palavras vivas para no-las transmitir." Reparem que nesse
texto Israel é chamado de congregação.[6] Em
romanos 11. 17-24 vemos Israel como a Oliveira em que os gentios foram enxertados,
mas o texto fala de uma só Oliveira. Com esses textos podemos entender que não
há separação entre Israel e Igreja.
3- O dispensacionalismo
não faz jus inteiramente à unidade básica da revelação bíblica, pois divide a
história bíblica em sete dispensações distintas. Porém sabemos que
imediatamente após a queda do homem, Deus veio a ele com a promessa de um
Redentor através de quem ele poderia ser salvo (Gn.3:15). Esta promessa de
redenção, através da semente da mulher, torna-se agora o tema de toda a
história da redenção, do Gênesis ao Apocalipse. O conteúdo central das
Escrituras trata do modo como o homem pode salvar-se através de Jesus Cristo em
todos os diversos períodos da história de sua existência. Apesar das diferenças
na administração, existe apenas uma aliança de graça que Deus faz com seu povo.
O Velho Testamento trata do período de sombras e tipos, enquanto que o Novo
Testamento descreve o período de cumprimento, mas a aliança da graça é uma em
ambas estas eras.
4 - Os dispensacionalistas
acreditam em um arrebatamento pré-tribulacional e secreto (e creio que a maior
parte dos evangélicos crêem), sete anos antes do milênio. A primeira pessoa a
defender essa visão foi uma profetiza da seita irvingita Margaret Macdonald em
1830. John Nelson Darby, tomou o ensino dela, fez algumas mudanças (ela cria em
um arrebatamento parcial de crentes e ele ensinava que todos os crentes seriam
arrebatados) e incorporou em seu ensinamento dispensacionalista da escritura e
profecia[7]. Em
1.Cor 15.51-52 vemos que “todos seremos
transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos” Se todos seremos
transformados num momento, num abrir e fechar de olhos, não será possível que
permaneçam escolhidos ou santos para serem transformados depois, no final da
tribulação.[8]
Além disso em Jo 6.40 "De fato, a
vontade de meu Pai é que todo homem que vir o Filho e nele crer tenha a vida
eterna; e eu o ressuscitarei no último dia" Fica claro que a
ressurreição de todos os crentes é no último dia.
PS: Há disponível gratuitamente na internet um livro de Arthur W. Pink que refuta o dispensacionalismo, o link para o mesmo segue logo abaixo:
Uma Refutação Bíblica ao Dispensacionalismo - Arthur W. Pink
Autor: Ivan Junior
Uma Refutação Bíblica ao Dispensacionalismo - Arthur W. Pink
Autor: Ivan Junior
[4] LIMA, L. A. O reino Milenar in: LIMA, L.A. Razão da esperança
- Teologia para hoje. 1ªEd. São Paulo, p. 543-559, Editora Cultura Cristã, 2006.
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