terça-feira, 10 de julho de 2012

O Dispensacionalismo e seus erros


O objetivo desse post é falar sobre escatologia, porém deve se enfatizar que o dispensacionalismo não é uma forma de interpretação bíblica que se relaciona apenas a escatologia. Para quem quiser saber mais sobre esse assunto recomendo que pesquisem nos links citados nas notas de rodapé.

Dispensacionalismo é um sistema de interpretação bíblica e teológica que divide a ação de Deus na história em diferentes períodos que são por ele administrados em bases diferentes[1].Esses diferentes períodos são chamados de dispensação, que Segundo Scofield "é um período de tempo durante o qual o homem é provado quanto à obediência a alguma revelação específica da vontade de Deus”[2].A idéia básica, nesse caso, é que Deus tem tentado vários métodos que não têm sido bem sucedidos. Cada método, ou dispensação, teria sido abandonado totalmente, antes do método seguinte ser experimentado, de tal modo que as prescrições divinas para uma dispensação não são válidas na próxima dispensação[3]
Visão escatológica do Pré-milenismo dispensacionalista*[4]
A visão que a maioria dos evangélicos tem sobre a escatologia é a visão dispensacionalista, essa visão é retratada na série de livros e filmes "Deixados para trás". Vamos comentar sobre ela.
Segunda vinda - em duas fases Cristo retorna para buscar sua igreja (arrebatamento secreto) e para estabelecer o Milênio depois de sete anos. 
Ressurreição -Três ressurreições, crentes na segunda vinda, judeus depois dos sete anos, incrédulos ao final do milênio. 
Julgamento - Julgamento na vinda, depois da tribulação e depois do Milênio.
Tribulação - Igreja é arrebatada antes da tribulação. 
Milênio - Milênio futuro após a vinda de Jesus. reino milenar literal sobre as nações do mundo. 
Israel e a Igreja - Completa distinção entre Israel e a igreja. Deus tem um programa para cada um dos grupos. Israel, a nação judaica, estará no centro do plano divino para a humanidade. Restaurada para a terra da Palestina, Israel reconstruirá o templo e restabelecerá os sacrifícios levíticos exigidos pela lei mosaica. 
Anticristo - O poder político internacional será exercido pelo governador satânico - o Anticristo, também chamado "a Besta" ou "Homem da Iniqüidade". (I João 4:3 ; Apc. 13; II Tss.2:3).
Os dispensacionalistas também creem[5]: 1 - O cristianismo apóstata unindo o Catolicismo, a Igreja Ortodoxa, e o Modernismo protestante; chamado a Meretriz, se aliará com o Anticristo (Ap.17) e prosperará através da união adúltera durante um tempo. 
2 - O pecado aumentará entre os homens e chegará a uma profundidade e intensidade jamais vistas a não ser talvez na época do Dilúvio. 
3 - A ira de Deus será derramada sobre a terra numa série de julgamentos cataclísmicos. 
4 - Quando a Besta (Anticristo) romper com a nação israelita, provocará uma crise internacional que atingirá seu auge na guerra do Armagedon. Tudo culminará no fim dos sete anos da tribulação com a vinda de Jesus Cristo com seus santos (a parousia). Após a parousia, o reino do Anticristo será destruído e Cristo passará a reinar sobre a terra. Assim se cumprirão literalmente as profecias do Antigo Testamento que preveem um reino messiânico na terra. Passados os mil anos previstos em Apocalipse 20, Satanás será solto da sua prisão, encabeçará uma revolta breve pelos moradores não regenerados do mundo, mas ela será esmagada. Sucederá então o último julgamento do Trono Branco (Ap.20:11-15). Os mortos não convertidos serão ressuscitados para serem julgados segundo suas obras. Os santos, judeus e gentios, gozarão a vida perfeita na nova terra eternamente.

Erros do dispensacionalismo 
Poderíamos discutir sobre todos os pontos destacados anteriormente, mas vamos destacar apenas alguns pontos. 
1- O Dispensacionalismo é uma forma de interpretação bíblica muito mais nova que as outras visões, que inciou-se no século XIX e se popularizou no século XX pela bíblia de estudos Scofield. Não podemos dizer que tudo que é novo deve ser descartado, mas devemos desconfiar de algo que contradiga tudo que grandes teólogos estudaram por mais de 1800 anos. Como diz Spurgeon "Nada há de novo na teologia. Exceto o que é errado".
2- O dispensacionalismo separa Israel e a Igreja. Em Romanos 2.28-29 vemos "Porque não é judeu quem o é apenas exteriormente, nem é circuncisão a que é somente na carne. Porém judeu é aquele que o é interiormente, e circuncisão, a que é do coração, no espírito, não segundo a letra, e cujo louvor não procede dos homens, mas de Deus." em Atos 7.38 "É este Moisés quem esteve na congregação no deserto, com o anjo que lhe falava no monte Sinai e com os nossos pais; o qual recebeu palavras vivas para no-las transmitir." Reparem que nesse texto Israel é chamado de congregação.[6] Em romanos 11. 17-24 vemos Israel como a Oliveira em que os gentios foram enxertados, mas o texto fala de uma só Oliveira. Com esses textos podemos entender que não há separação entre Israel e Igreja. 
3- O dispensacionalismo não faz jus inteiramente à unidade básica da revelação bíblica, pois divide a história bíblica em sete dispensações distintas. Porém sabemos que imediatamente após a queda do homem, Deus veio a ele com a promessa de um Redentor através de quem ele poderia ser salvo (Gn.3:15). Esta promessa de redenção, através da semente da mulher, torna-se agora o tema de toda a história da redenção, do Gênesis ao Apocalipse. O conteúdo central das Escrituras trata do modo como o homem pode salvar-se através de Jesus Cristo em todos os diversos períodos da história de sua existência. Apesar das diferenças na administração, existe apenas uma aliança de graça que Deus faz com seu povo. O Velho Testamento trata do período de sombras e tipos, enquanto que o Novo Testamento descreve o período de cumprimento, mas a aliança da graça é uma em ambas estas eras. 
4 - Os dispensacionalistas acreditam em um arrebatamento pré-tribulacional e secreto (e creio que a maior parte dos evangélicos crêem), sete anos antes do milênio. A primeira pessoa a defender essa visão foi uma profetiza da seita irvingita Margaret Macdonald em 1830. John Nelson Darby, tomou o ensino dela, fez algumas mudanças (ela cria em um arrebatamento parcial de crentes e ele ensinava que todos os crentes seriam arrebatados) e incorporou em seu ensinamento dispensacionalista da escritura e profecia[7]. Em 1.Cor 15.51-52 vemos que “todos seremos transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos” Se todos seremos transformados num momento, num abrir e fechar de olhos, não será possível que permaneçam escolhidos ou santos para serem transformados depois, no final da tribulação.[8] Além disso em Jo 6.40 "De fato, a vontade de meu Pai é que todo homem que vir o Filho e nele crer tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia" Fica claro que a ressurreição de todos os crentes é no último dia. 


PS: Há disponível gratuitamente na internet um livro de Arthur W. Pink que refuta o dispensacionalismo, o link para o mesmo segue logo abaixo:


Uma Refutação Bíblica ao Dispensacionalismo - Arthur W. Pink 


Autor: Ivan Junior

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