quinta-feira, 14 de junho de 2012

Escolhidos por Deus


Não fostes vós que me escolhestes a mim, pelo contrário, eu vos escolhi a vos outros...”(João 15.16)
No capítulo anterior vimos que a condição do homem é tão ruim que o homem não poderia escolher a Deus. Porém se existem pessoas que seguem a Deus e essas pessoas não poderiam naturalmente ter escolhido servir a Deus só nos sobra a alternativa de que o próprio Deus escolheu essas pessoas, e é justamente isso que a Bíblia nos ensina:
                                            
Todo aquele que o pai me dá, esse virá a mim...” (João 6.37)

Não fostes vós que me escolhestes a mim, pelo contrário, eu vos escolhi a vos outros...”(João 15.16)
...não sois do mundo, pelo contrário, dele vos escolhi,...” (João 15.19)
assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo...” (Efésios 1.4)
porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conforme a imagem do seu Filho” (Romanos 8.29)
logo, tem Ele misericórdia de quem quer e também endurece quem lhe apraz.” (Romanos 9.18)
Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes; e Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a nada as que são;” (1 Coríntios 1.26-28)

Porém é necessário aprendermos mais uma coisa sobre essa escolha, que ela não se baseia em qualquer característica nossa, por isso quando os teólogos falam sobre Deus ter escolhido seu povo, desde a eternidade, sem haver nada de especial nessas pessoas, esses teólogos usam o termo “eleição incondicional”.
Vamos raciocinar um pouco, a escolha de Deus não poderia se basear em nada que houvesse no homem, porque todos os homens são maus. Além disso, a Salvação de Deus é pela graça “Porque pela graça sois salvos” (Efésios 2.8), ou seja, um favor que não merecemos, portanto se Deus escolhesse seu povo por haver algo de especial neles a Salvação não seria pela graça, mas pelo nosso merecimento, e não haveria motivo de agradecermos a Deus por que nesse caso Ele estaria fazendo apenas sua obrigação.
Também é importante salientar que Deus não escolheu seu povo porque previu que esse povo creria nele, existem aqueles que defendem isso usando textos bíblicos como esses “eleitos segundo a presciência de Deus Pai”(1 Pe 1.2). “Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes a imagem de seu Filho”. Nesses textos a Bíblia fala sobre a presciência (um conhecimento prévio) e de conhecer de antemão, mas ela não fala em nenhum momento que esse conhecer se refere a conhecer as obras futuras de alguém e com base nisso escolher essa pessoa, concluir isso é ir muito além do texto. Devemos fugir desse tipo de interpretação que novamente faz a Salvação estar baseada em algo no homem, e como discutido anteriormente se fosse assim a Salvação não seria pela Graça.
Para entender esses versículos temos que ver como a Bíblia usa a Palavra conhecer, vejamos esse exemplo: “Pois o SENHOR conhece o caminho dos justos, mas o caminho dos ímpios perecerá” (Salmo 1.6) Certamente se pensássemos no sentido que usamos a palavra conhecer, Deus conhece o caminho de todos, tanto justos como ímpios, mas uso do termo conhecer na Bíblia muitas vezes se refere ao relacionamento especial de Deus com seu Povo, do amor d’Ele pelo seu Povo.
Com base nisso devemos entender que Deus escolhe aqueles que ele amou, sem haver neles nada de especial, mas simplesmente porque Ele é misericordioso.
Apesar de esse ser o ensino da Palavra, muitos se opõem a esse ensino, o próprio Apóstolo Paulo sabia dessa oposição, não é atoa que ele disse: “Tu, porém, me dirás: De que se queixa ele ainda? Pois quem jamais resistiu à sua vontade? Quem és tu, ó homem, para discutires com Deus?! Porventura, pode o objeto perguntar a quem o fez: Por que me fizeste assim? Ou não tem o oleiro direito sobre a massa, para do mesmo barro fazer um vaso para honra e outro, para desonra?” (Romanos 9.19-21). O apóstolo coloca cada um em seu lugar, quem somos nós para questionarmos nosso Criador? Aquele que nos criou não tem direito de fazer com sua criação aquilo que Ele bem entender? “porque Deus é maior do que o homem.” (Jó 33.12). “Todos os moradores da terra são por Ele reputados em nada; e segundo a sua vontade, ele opera com o exército dos céus e com os moradores da terra; não há quem lhe possa deter a mão, nem lhe dizer: Que fazes?” (Daniel 4.35).
Visto que a Bíblia ensina que Deus escolhe o homem, algumas pessoas questionam que sendo assim não é necessário evangelizarmos. A Bíblia ensina as duas coisas, que Deus salva o homem e que devemos pregar o evangelho, pois é por meio da pregação do evangelho que Deus salva o seu povo. “aprouve a Deus salvar os que creem pela loucura da pregação” (1 Coríntios 1.21). Prestemos atenção nesse versículo, é Deus quem salva, e para isso Ele usa um meio, e esse meio é a pregação.

Aplicação

O que muda na minha vida de eu aprender que é Deus que escolhe seu povo?
Se você odeia o pecado, se preocupa com o pecado na igreja, sonha com a justiça de Deus, sente fome quando não se alimenta com a Palavra de Deus, ama principalmente aqueles que também têm esse desejo, então, sendo essas características que a própria Bíblia coloca como característica do verdadeiro cristão[1] cabe a ti se prostrar ainda mais diante de Deus, pois não foi você que escolheu esse caminho, mas o próprio Deus, que o amou desde a eternidade, afinal nós o amamos porque “Ele nos amou primeiro”(1 João 4.19). Saber isso deve lhe trazer humildade de saber que não há nenhum mérito em você, mas que você foi salvo da condenação apenas pelo amor incondicional d’Ele.
Caso você ainda se diverte no pecado, não cabe a você ficar pensando se você foi ou não eleito por Deus, mas há esperança de que se você se lançar verdadeiramente na presença d’Ele você será salvo, sabendo que isso só aconteceu porque o próprio Espírito de Deus mudou seu coração, e somente a Deus deve ser dado todo o louvor. “Todo aquele que o pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum lançarei fora” (João 6.37).
Saber da eleição de Deus também nos dá esperança na evangelização. Se dependesse da escolha do homem, o trabalho seria muito penoso, pois como poderíamos convencer homens pecadores a mudar seus caminhos que lhes são tão agradáveis? Além disso, sempre cairia sobre nós o peso de pregarmos e não vermos as pessoas convertidas, sempre nos sentiríamos frustrados. Mas saber que é Deus quem salva nos da esperança de ver ser salvo mesmo o pior dos pecadores, de ter ousadia para pregar nas cidades mais entregues ao pecado, porque “não depende de quem quer ou de quem corre, mas de usar Deus a sua misericórdia.” (Romanos 9.16). Louvado seja o Nosso Deus por isso.
Agora, há algo mais para refletirmos. A Bíblia ensina que Deus é justo, ele não poderia simplesmente ignorar o pecado, também ensina que Ele é santo e não pode simplesmente ter comunhão com nós pecadores. Algo é necessário para que Deus possa perdoar aqueles que Ele escolheu e continuar sendo justo. Como isso pode ser possível? Veremos isso no próximo capítulo.

Autor: Ivan Junior

[1] Para saber mais sobre as características dos verdadeiros cristão, leia a epístola de 1 João.

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