“Não fostes vós que me escolhestes a mim,
pelo contrário, eu vos escolhi a vos outros...”(João 15.16)
No capítulo anterior vimos que a
condição do homem é tão ruim que o homem não poderia escolher a Deus. Porém se
existem pessoas que seguem a Deus e essas pessoas não poderiam naturalmente ter
escolhido servir a Deus só nos sobra a alternativa de que o próprio Deus
escolheu essas pessoas, e é justamente isso que a Bíblia nos ensina:
“Todo
aquele que o pai me dá, esse virá a mim...” (João 6.37)
“Não fostes vós que me escolhestes a mim,
pelo contrário, eu vos escolhi a vos outros...”(João 15.16)
“...não sois do mundo, pelo contrário, dele
vos escolhi,...” (João 15.19)
“assim como nos escolheu, nele, antes da
fundação do mundo...” (Efésios 1.4)
“porquanto aos que de antemão conheceu,
também os predestinou para serem conforme a imagem do seu Filho” (Romanos 8.29)
“logo, tem Ele misericórdia de quem quer e
também endurece quem lhe apraz.” (Romanos 9.18)
“Deus escolheu as coisas loucas do mundo para
envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as
fortes; e Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e
aquelas que não são, para reduzir a nada as que são;” (1 Coríntios 1.26-28)
Porém é necessário aprendermos mais
uma coisa sobre essa escolha, que ela não se baseia em qualquer característica
nossa, por isso quando os teólogos falam sobre Deus ter escolhido seu povo,
desde a eternidade, sem haver nada de especial nessas pessoas, esses teólogos
usam o termo “eleição incondicional”.
Vamos raciocinar um pouco, a escolha
de Deus não poderia se basear em nada que houvesse no homem, porque todos os
homens são maus. Além disso, a Salvação de Deus é pela graça “Porque pela graça sois salvos” (Efésios
2.8), ou seja, um favor que não merecemos, portanto se Deus escolhesse seu povo
por haver algo de especial neles a Salvação não seria pela graça, mas pelo
nosso merecimento, e não haveria motivo de agradecermos a Deus por que nesse
caso Ele estaria fazendo apenas sua obrigação.
Também é importante salientar que Deus
não escolheu seu povo porque previu que esse povo creria nele, existem aqueles
que defendem isso usando textos bíblicos como esses “eleitos segundo a presciência de Deus Pai”(1 Pe 1.2). “Porquanto aos que de antemão conheceu,
também os predestinou para serem conformes a imagem de seu Filho”. Nesses
textos a Bíblia fala sobre a presciência (um conhecimento prévio) e de conhecer
de antemão, mas ela não fala em nenhum momento que esse conhecer se refere a
conhecer as obras futuras de alguém e com base nisso escolher essa pessoa,
concluir isso é ir muito além do texto. Devemos fugir desse tipo de
interpretação que novamente faz a Salvação estar baseada em algo no homem, e
como discutido anteriormente se fosse assim a Salvação não seria pela Graça.
Para entender esses versículos temos
que ver como a Bíblia usa a Palavra conhecer, vejamos esse exemplo: “Pois o SENHOR conhece o caminho dos justos,
mas o caminho dos ímpios perecerá” (Salmo 1.6) Certamente se pensássemos no
sentido que usamos a palavra conhecer, Deus conhece o caminho de todos, tanto
justos como ímpios, mas uso do termo conhecer na Bíblia muitas vezes se refere
ao relacionamento especial de Deus com seu Povo, do amor d’Ele pelo seu Povo.
Com base nisso devemos entender que
Deus escolhe aqueles que ele amou, sem haver neles nada de especial, mas
simplesmente porque Ele é misericordioso.
Apesar de esse ser o ensino da
Palavra, muitos se opõem a esse ensino, o próprio Apóstolo Paulo sabia dessa
oposição, não é atoa que ele disse: “Tu,
porém, me dirás: De que se queixa ele ainda? Pois quem jamais resistiu à sua
vontade? Quem és tu, ó homem, para discutires com Deus?! Porventura, pode o
objeto perguntar a quem o fez: Por que me fizeste assim? Ou não tem o oleiro
direito sobre a massa, para do mesmo barro fazer um vaso para honra e outro,
para desonra?” (Romanos 9.19-21). O apóstolo coloca cada um em seu lugar,
quem somos nós para questionarmos nosso Criador? Aquele que nos criou não tem
direito de fazer com sua criação aquilo que Ele bem entender? “porque Deus é maior do que o homem.” (Jó
33.12). “Todos os moradores da terra são
por Ele reputados em nada; e segundo a sua vontade, ele opera com o exército
dos céus e com os moradores da terra; não há quem lhe possa deter a mão, nem
lhe dizer: Que fazes?” (Daniel 4.35).
Visto que a Bíblia ensina que Deus
escolhe o homem, algumas pessoas questionam que sendo assim não é necessário
evangelizarmos. A Bíblia ensina as duas coisas, que Deus salva o homem e que
devemos pregar o evangelho, pois é por meio da pregação do evangelho que Deus
salva o seu povo. “aprouve a Deus salvar
os que creem pela loucura da pregação” (1 Coríntios 1.21). Prestemos
atenção nesse versículo, é Deus quem salva, e para isso Ele usa um meio, e esse
meio é a pregação.
Aplicação
O que muda na minha vida de eu
aprender que é Deus que escolhe seu povo?
Se você odeia o pecado, se preocupa
com o pecado na igreja, sonha com a justiça de Deus, sente fome quando não se
alimenta com a Palavra de Deus, ama principalmente aqueles que também têm esse
desejo, então, sendo essas características que a própria Bíblia coloca como característica
do verdadeiro cristão[1]
cabe a ti se prostrar ainda mais diante de Deus, pois não foi você que escolheu
esse caminho, mas o próprio Deus, que o amou desde a eternidade, afinal nós o
amamos porque “Ele nos amou primeiro”(1
João 4.19). Saber isso deve lhe trazer humildade de saber que não há nenhum
mérito em você, mas que você foi salvo da condenação apenas pelo amor
incondicional d’Ele.
Caso você ainda se diverte no pecado,
não cabe a você ficar pensando se você foi ou não eleito por Deus, mas há
esperança de que se você se lançar verdadeiramente na presença d’Ele você será
salvo, sabendo que isso só aconteceu porque o próprio Espírito de Deus mudou
seu coração, e somente a Deus deve ser dado todo o louvor. “Todo aquele que o pai me dá, esse virá a
mim; e o que vem a mim, de modo nenhum lançarei fora” (João 6.37).
Saber da eleição de Deus também nos dá
esperança na evangelização. Se dependesse da escolha do homem, o trabalho seria
muito penoso, pois como poderíamos convencer homens pecadores a mudar seus
caminhos que lhes são tão agradáveis? Além disso, sempre cairia sobre nós o
peso de pregarmos e não vermos as pessoas convertidas, sempre nos sentiríamos
frustrados. Mas saber que é Deus quem salva nos da esperança de ver ser salvo
mesmo o pior dos pecadores, de ter ousadia para pregar nas cidades mais
entregues ao pecado, porque “não depende
de quem quer ou de quem corre, mas de usar Deus a sua misericórdia.”
(Romanos 9.16). Louvado seja o Nosso Deus por isso.
Agora, há algo mais para refletirmos.
A Bíblia ensina que Deus é justo, ele não poderia simplesmente ignorar o
pecado, também ensina que Ele é santo e não pode simplesmente ter comunhão com
nós pecadores. Algo é necessário para que Deus possa perdoar aqueles que Ele escolheu
e continuar sendo justo. Como isso pode ser possível? Veremos isso no próximo
capítulo.
Autor: Ivan Junior
[1]
Para saber mais sobre as características dos verdadeiros cristão, leia a
epístola de 1 João.
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